Relações família-escola na contemporaneidade
novas configurações sociais e os desafios dos contextos educacionais em transformação
DOI:
https://doi.org/10.1590/1984-0411.98626Palavras-chave:
Relações Família-Escola., Sociologia da Educação, Configurações Familiares, Mercado EscolarResumo
O inescapável vínculo social entre instituições escolares e famílias nem sempre foi objeto analítico privilegiado pela Sociologia da Educação. Somente a partir da década de 1950 a família foi amplamente considerada nas pesquisas da área, que se dedicaram a encontrar as causas sociais das disparidades de rendimento escolar. Posteriormente, em investigações realizadas nos anos 1960 e 1970, o campo sociológico avançou no entendimento dos fatores de classe que, transmitidos pela família, determinavam a conservação das estruturas sociais por serem mais ou menos congruentes com os princípios, práticas e atitudes requeridos pelo universo escolar e acadêmico. Se a relação família-escola tem sido objeto proeminente de estudos científicos desde a segunda metade do século XX, a eleição do tema como objeto de políticas públicas específicas tem ganhado terreno principalmente a partir dos anos 1990. No Brasil, desde o início dos anos 2000, a tão propalada “parceria entre a família e a escola” tem protagonizado diversos instrumentos normativos, incentivos estatais e investimentos privados. A temática ganhou ainda mais destaque nos últimos 20 anos, quando assistimos, em diferentes ambientes (acadêmicos, escolares e arenas políticas), à intensificação das discussões sobre as funções da escola, notadamente em relação aos papeis educativos da família. Acreditamos que este dossiê, ao apresentar perspectivas de análise e constructos metodológicos ainda pouco mobilizados pela pesquisa da área, assim como investigações sobre temas incipientes, oferece um conjunto de reflexões bastante fecundas para a compreensão das desigualdades educacionais, do dinamismo e diversidade das configurações familiares, e das transformações dos mercados escolares.
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