As políticas de acesso à educação superior e o contexto dos alunos deslocados
DOI:
https://doi.org/10.1590/1984-0411.93036Palavras-chave:
Ensino superior, Migrações, Permanência, Universidade pública.Resumo
A expansão da educação superior brasileira, intensificada a partir da década de 90, caracteriza-se pelo desenvolvimento de políticas de acesso, pela diversificação da oferta educativa e pelo crescimento exponencial das instituições privadas. Esse contexto situa diferentes configurações no percurso acadêmico, mudanças na comunidade estudantil, no processo de escolha dos cursos e nas condições para a permanência e conclusão das trajetórias na educação superior. Políticas educacionais e ações afirmativas foram estabelecidas para sustentar a ampliação do acesso e o intento de democratização do sistema de ensino superior. Dentre os públicos ingressantes, está o grupo de estudantes que migra de suas cidades em decorrência das escolhas, via SISU, de universidades públicas em diferentes regiões do país. Propõe-se a designação de estudantes deslocados, pois enfrentam desafios relativos ao contexto acadêmico somados à desterritorialização, implicando imersão em cultura diversa, formação de novos laços sociais e constituição de novos modos de subsistência. As políticas educacionais não têm suportado as diversas contingências experimentadas por esses estudantes, sendo importante sua visibilidade para a formulação de apoios que favoreçam a permanência, em uma perspectiva mais imediata. Atualiza-se, sobretudo, a reflexão sobre as desigualdades sociais e a aposta na educação como via promotora de equidade, identificando as conquistas e as contradições presentes no cenário da educação superior no Brasil.
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