O brincar das crianças e os discursos sobre o digital:
risco e dispositivo da periculosidade
DOI:
https://doi.org/10.1590/1984-0411.88739Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar de que modo o dispositivo da periculosidade é produzido e atualizado nos discursos educacionais de forma a produzir diferentes modos de pensar a relação do brincar das crianças com as tecnologias digitais. Para tanto, realizamos uma análise enunciativa de algumas dissertações e teses defendidas em Programas de Pós-Graduação em Educação. As dissertações e teses gozam de uma maquinaria privilegiada de falar sobre tais questões, construindo regimes de verdade e uma arquitetura discursiva sobre o que pode ser dito e priorizado cientificamente sobre o brincar das crianças com as tecnologias digitais. Instala-se uma forte produção discursiva sobre a infância, veiculando uma perspectiva infantilizada das crianças, que devem ser mantidas distantes das tecnologias digitais para manter a inocência, viver o ‘período’ da infância com brincadeiras tradicionais/manuais. Os discursos analisados indicam para os ‘perigos’ das tecnologias digitais, na perspectiva de que é necessário manter as crianças distantes das tecnologias digitais, pois estaríamos caminhando para o desaparecimento da infância. Então, as tecnologias digitais como uma tendência para o mal; aptidão ‘natural’ para cometer perigos às crianças. O dispositivo da periculosidade (como uma chamada que paralisa) em operação para fazer funcionar a gestão de risco; produção de subjetividades que estejam atentas aos riscos. Trata-se de construir uma criança prudente, sujeitada e subjetivada até certo ponto pelo medo, promovendo seu ajustamento.
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