Há docentes à escuta? O devir-pergunta de uma criança que ensina a ensinar
Palavras-chave:
infância, escuta, filosofar infantil, formação docenteResumo
A presente escrita surgiu de uma irradiação a partir de experiências com três crianças reais – a Lara, o Luiz e o Tomás – e a inspiração de um menino ficção. Começamos com duas perguntas infantis sobre a tensão que atravessa o dentro e o fora do pensamento, buscando quebrar barreiras entre um sujeito pensante e um mundo circundante. Devemos essa quebra a José Gil (2009), ao seu devir-criança do pensamento, que traz um devir-animal e um devir-pergunta da escrita. Partimos, também, da inspiração trazida pelo menino ficcionado de um conto de Mia Couto (2021), que experimenta a escuta como divergência e diferença e desafia formas adultocêntricas de exclusão e de repressão. Escutamos, depois, as perguntas de duas crianças, colocando-nos o desafio de equacionar um dentro e um fora do pensamento. Seguimos para uma experiência de encontro com o fora como distância sem medida, que desmonta a divisão entre uma individualidade e o seu entorno. Terminamos como começamos – entre as vozes que se escutam e as palavras que se dizem –, encontrando na afetividade do corpo infantil a abertura ao irradiar das intensidades do mundo. Quem sabe seja uma oportunidade para (re)pensarmos a formação docente e, em particular, o lugar da escuta nela. O exercício é um convite docente aos e às docentes a escutar expressões de um filosofar menino que põem em marcha o avesso do pensamento como a sua potência mais íntima.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Todo o conteúdo do periódico está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.
Os Direitos Autorais para artigos publicados na Educar em Revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. A revista é de acesso público (Open Access), sendo seus artigos de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.