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Há docentes à escuta? O devir-pergunta de uma criança que ensina a ensinar

Walter Kohan, Magda Costa Carvalho

Resumo


A presente escrita surgiu de uma irradiação a partir de experiências com três crianças reais – a Lara, o Luiz e o Tomás – e a inspiração de um menino ficção. Começamos com duas perguntas infantis sobre a tensão que atravessa o dentro e o fora do pensamento, buscando quebrar barreiras entre um sujeito pensante e um mundo circundante. Devemos essa quebra a José Gil (2009), ao seu devir-criança do pensamento, que traz um devir-animal e um devir-pergunta da escrita. Partimos, também, da inspiração trazida pelo menino ficcionado de um conto de Mia Couto (2021), que experimenta a escuta como divergência e diferença e desafia formas adultocêntricas de exclusão e de repressão. Escutamos, depois, as perguntas de duas crianças, colocando-nos o desafio de equacionar um dentro e um fora do pensamento. Seguimos para uma experiência de encontro com o fora como distância sem medida, que desmonta a divisão entre uma individualidade e o seu entorno. Terminamos como começamos – entre as vozes que se escutam e as palavras que se dizem –, encontrando na afetividade do corpo infantil a abertura ao irradiar das intensidades do mundo. Quem sabe seja uma oportunidade para (re)pensarmos a formação docente e, em particular, o lugar da escuta nela. O exercício é um convite docente aos e às docentes a escutar expressões de um filosofar menino que põem em marcha o avesso do pensamento como a sua potência mais íntima.


Palavras-chave


infância; escuta; filosofar infantil; formação docente

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