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Ler e escrever, ver, ouvir e contar histórias em família: o caso de Pedro Nava (Minas Gerais, início do século XX)

Ana Maria de Oliveira Galvão, Juliana Ferreira de Melo

Resumo


Como uma criança das elites brasileiras constrói, em seu cotidiano, modos de participação nas culturas do escrito? De que maneira se dá a formação de um “herdeiro” em relação ao escrito no início do século XX? Para responder a perguntas dessa natureza, neste artigo, analisamos os eventos de letramento narrados pelo médico e escritor mineiro Pedro Nava (1903-1984) em suas Memórias. Fundamentadas em trabalhos da História Cultural, da Sociologia da Educação, da Teoria Literária e da Análise do Discurso, utilizamos a obra de Nava como principal fonte do estudo. Fruto de relações entre história e literatura, suas Memórias configuram-se como uma importante manifestação da formação do escritor. A pesquisa evidenciou que muitas das práticas de leitura e escrita vivenciadas por Nava na infância eram mediadas, na família, pela voz de seus parentes. Além disso, o aprendizado de certos gostos culturais relacionava-se com a sua admiração pelos valores e modos de viver de seus familiares. Assim, em seu processo de formação e autoinvenção, ele foi escolhendo o que receber da família. Como um “herdeiro”, tal aprendizado não é apresentado como um esforço próprio, nem como um investimento contínuo, de longa data, de seus familiares na sua formação. O mundo das letras lhe chega como um elemento comum, aparentemente natural e não como o resultado de suas vivências em um ambiente propício à apropriação de preferências da cultura legítima de sua época.

Palavras-chave


culturas do escrito; herança cultural; leitura, escrita e oralidade; história da educação

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