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A arquitetura do tempo na cultura escolar: um estudo sobre os centros de educação integral de Curitiba

Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde

Resumo



O foco desta pesquisa é a análise da cultura
escolar, tendo como eixo principal a investigação
sobre o tempo, enquanto elemento
substancial da prática educacional e
a análise da organização dos modelos de
extensão da jornada escolar. O trabalho
aborda as concepções temporais, mesclando
as interpretações mitológicas e os esclarecimentos
da ciência que fizeram do
tempo um elemento substantivo tanto na
vida social e cultural da humanidade quanto
na proposta de preparação do indivíduo
para o desenvolvimento de seus papéis.
A história dos tempos escolares no
Paraná, a adoção de políticas públicas em
relação à jornada escolar e, em especial, os
programas das décadas de 1980 e 1990,
possibilitam a análise de uma forma de organização
educacional, não só imposta
pelas políticas, mas nascida e construída
na dinâmica de relações internas da escola,
nas crenças, nas formas aprendidas de se
fazer o trabalho educacional e dos elementos
que se agregam às funções escolares. A
investigação se dá no sistema público da
Rede Municipal de Educação da Prefeitura
de Curitiba, por apresentar uma história
educacional fortemente marcada pela política
de ampliação do tempo de permanência
diária dos alunos, nas escolas do Ensino
Fundamental e, por ser Curitiba a cidade
que tem implantado os Centros de Educação
Integral já há 15 anos. Neles foram
realizadas entrevistas, observações e coleta
de documentos que forneceram dados
sobre como a organização temporal que interferiu
nas formas escolares, proposta
curricular, vida cotidiana da instituição e
prática discente, docente, assim como nas
famílias e comunidades envolvidas. A pesquisa
aponta a mudança lenta e gradual nas
escolas de tempo integral, criando uma nova
cultura escolar com continuidades e inovações,
revelando discordâncias entre o que
foi prescrito e a realidade, entre os tempos
estabelecidos ou propostos e os vividos.
Enfim, a pesquisa de interação entre as propostas
teóricas, as prescrições legais e a
realidade encontrada na distribuição do
tempo dos professores e alunos conduziram
às reflexões sobre o novo modelo educacional,
traduzido pela cultura da escola e
pela extensão da jornada, a qual não pode
passar despercebida pelos educadores,
pelas famílias, pela sociedade e, especialmente,
pelos dirigentes das políticas públicas,
posto que as evidências indicam para
a democratização da educação, objeto central
de luta da sociedade e o elemento
norteador da proposta desta tese.


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