Desigualdade, aumento de impostos dos mais ricos e austeridade fiscal: uma proposta de análise a partir de Piketty e Keynes
DOI:
https://doi.org/10.5380/re.v44i83.83830Palavras-chave:
Desigualdade, Progressividade tributária, Piketty, Austeridade fiscal, KeynesResumo
Este artigo discute uma parte menos comentada do livro seminal de Piketty (2014): a que descreve o necessário incremento na eficiência do setor público que deve ser buscada pelos governos, também fundamental para o combate efetivo à crescente desigualdade no capitalismo atual, além das conhecidas propostas do autor sobre o aumento dos impostos dos mais ricos. Neste sentido, o trabalho tem por objetivo mostrar que a proposta de Piketty sobre a reorganização dos gastos do Estado pode se beneficiar decisivamente com a explicitação de um conceito de austeridade fiscal a ela relacionado, o que o autor não faz no seu livro. O artigo propõe que o conceito de austeridade que converge com a análise de Piketty é o proposto a partir de Keynes, e mostra algumas implicações que esta integração teórica traria para o debate sobre políticas públicas voltadas para a redução da desigualdade, entre elas o papel fundamental do aumento dos investimentos públicos sobre os níveis de emprego em todas as fases do ciclo econômico, medida de política de corte keynesiano não destacada por Piketty em suas análises sobre o tema. Mostra-se também que austeridade, na visão keynesiana, passaria a ser visualizada como uma interessante contrapartida ao aumento dos impostos dos mais ricos. Principalmente quando se busca espaço no orçamento público para a implementação de medidas mais abrangentes em busca da redução dos crescentes indicadores de desigualdade verificados em grande parte do mundo, o que se tornou ainda mais nítido com a pandemia do Coronavírus.
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