Antropologia legalista e etnografia das leis: as premissas da estabilidade em textos antropológicos e seus possíveis deslocamentos etnográficos
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v19i2.62907Palavras-chave:
lei, etnografia, crime, jurisprudênciaResumo
Partindo de algumas indagações levantadas por minha pesquisa, que se dedica à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) brasileiro, discuto as implicações de premissas teóricas e opções descritivas em algumas etnografias que se debruçam nas leis ou nos sistemas jurídicos. O texto se compõe aproximando e contrastando dois conjuntos de trabalhos, um primeiro escolhido dentre os de autores fundantes da disciplina, muito dedicados à valorização e legitimação do método etnográfico, e outro, mais contemporâneo, que toma o crime e os agrupamentos criminais como seus objetos de atenção privilegiada. Quando aproximados, esses dois conjuntos, exógenos entre si, explicitam as consequências políticas e epistemológicas dos diferentes posicionamentos da lei, da ordem e do direito em composições etnográficas variadas.
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