Antropologia legalista e etnografia das leis: as premissas da estabilidade em textos antropológicos e seus possíveis deslocamentos etnográficos
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v19i2.62907Keywords:
lei, etnografia, crime, jurisprudênciaAbstract
Partindo de algumas indagações levantadas por minha pesquisa, que se dedica à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) brasileiro, discuto as implicações de premissas teóricas e opções descritivas em algumas etnografias que se debruçam nas leis ou nos sistemas jurídicos. O texto se compõe aproximando e contrastando dois conjuntos de trabalhos, um primeiro escolhido dentre os de autores fundantes da disciplina, muito dedicados à valorização e legitimação do método etnográfico, e outro, mais contemporâneo, que toma o crime e os agrupamentos criminais como seus objetos de atenção privilegiada. Quando aproximados, esses dois conjuntos, exógenos entre si, explicitam as consequências políticas e epistemológicas dos diferentes posicionamentos da lei, da ordem e do direito em composições etnográficas variadas.
References
BARBOSA, Antonio Rafael. 2001. “Segmentaridade e tráfico de drogas no Rio de Janeiro”. Alceu 2(3): 166-179.
BARBOSA, Antonio Rafael. 2013. “"Grade de ferro? Corrente de ouro!": circulação e relações no meio prisional”. Tempo Social 25(1): 107-129. https://doi.org/10.1590/S0103-20702013000100006
BARROSO, Luís Roberto. 2001. “Fundamentos Teóricos e Filosóficos do Novo Direito Constitucional Brasileiro”. Revista UMERJ 4(15): 11-47.
BEVILAQUA, Cimea. 2010. “Sobre a fabricação contextual de pessoas e coisas: as técnicas jurídicas e o estatuto do ser humano após a morte”. Mana 16(1): 7-29. https://doi.org/10.1590/S0104-93132010000100001
BIONDI, Karina. 2010. Junto e misturado: uma etnografia do PCC. São Paulo: Editora Terceiro Nome.
BIONDI, Karina. 2018. Proibido roubar na quebrada: território,
hierarquia e lei no PCC. São Paulo: Editora Terceiro Nome.
BLOK, Anton. 1974. The mafia of a sicilian village, 1860-1960. A study of violent peasant entrepreneurs. Illinois: Waveland Press.
BOLDRIN, Guilherme. 2017. Desejo e separação: monas, gays e envolvidos num presídio em São Paulo. Dissertação de mestrado. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos
BOHANNAN, Paul. 1957. Justice and Judgment among the Tiv. Londres: Oxford University Press.
BRASIL. 1988. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> (consultado em 09/09/2017).
BRASIL. 2002. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil, em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm> (consultado em 09/09/2017).
BRASIL. 2015. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, Código de Processo Civil, em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm> (consultado em 09/09/2017).
COLLIER, Jane F. 1975. “Legal processes”. Annual Review of Anthropology 4: 121-144. https://doi.org/10.1146/annurev.an.04.100175.001005
CARRIER, James G. 1992. “Occidentalism: the world turned upside-down”. American Ethnologist 19(2): 195-212. https://doi.org/10.1525/ae.1992.19.2.02a00010
DAVIS, Shelton H. 1973. Antropologia do Direito. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
FELDMAN, Allen. 1991. Formations of Violence: The Narrative
of the Body and Political Terror In Northern Ireland. Chicago: The University of Chicago Press. https://doi.org/10.7208/chicago/9780226240800.001.0001
FOUCAULT, Michel. 1966. Les mots et les choses: une archéologie des sciences humaines. Paris: Gallimard.
FOUCAULT, Michel. 2013 [1973]. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Editora NAU.
FOUCAULT, Michel. 2015. Théories et institutions pénales: Cours au Collège de France (1971-1972). Paris: Seuil/Gallimard.
GOFFMAN, Ervin. 1999 [1961]. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva.
GLUCKMAN, Max. 1955. The judicial process among the Barotse of Northern Rhodesia. Manchester: University Press for Rhodes Livingston Institute.
GLUCKMAN, Max. 1965. The ideas of Barotse jurisprudence. New Haven: Yale University Press.
GRIFFITHS, J. 1986. “What is legal pluralism?”. Journal of Legal Pluralism and Unofficial Law 23: 1-55. https://doi.org/10.1080/07329113.1986.10756387
HARAWAY, Donna. 1985. "Manifesto for Cyborgs: Science, Technology, and Socialist Feminism in the 1980s". Socialist Review 80: 65–108.
IANNI, Francis A. J.; REUSS-IANNI, Elizabeth. 1972. A Family Business: Kinship and Social Control in Organized Crime. New York: Russell Sage Foundation.
KANT DE LIMA, Roberto. 1983. “Por uma antropologia do direito no Brasil”. In: Joaquim Falcão (org.), Pesquisa Científica e Direito. Recife: Editora Massangana / Fundação Joaquim
Nabuco/CNPq.
KANT DE LIMA, Roberto. 1985. A antropologia da academia: quando os índios somos nós. Niterói: EDUFF.
KANT DE LIMA, Roberto. 1986. Legal theory and judicial practice: paradoxes of police work in Rio de Janeiro city. Phd Thesis. Department of Anthropology: Harvard University.
KANT DE LIMA, Roberto. 2012. “Antropologia Jurídica”, em A. C. de Souza Lima (coordenação geral), Antropologia & Direito, Temas Antropológicos para Estudos Jurídicos, Rio de Janeiro/Brasília, Associação Brasileira de Antropologia: 510-517.
LATOUR, Bruno. 2009. The Making of Law: an ethnography of the Conseil d’Etat. Polity Press.
LEACH, Edmund. 1961. Pul Elyia: a village in Ceylon. Cambridge. Cambridge: University Press.
LEWANDOWSKI, Andressa. 2017. “O medo do precedente: as técnicas de decisão no STF”. Campos 18(1-2): 155-172. http://dx.doi.org/10.5380/cra.v18i1-2.50433
LIMA, Jacqueline Ferraz de. 2015. Mulher Fiel: etnografia do amor nas prisões do PCC. São Paulo: Alameda.
LOREA, Roberto Arriada. 2012. “A “família” juridicamente naturalizada”. In: A. C. de Souza Lima (coordenação geral), Antropologia & Direito, Temas Antropológicos para Estudos Jurídicos. Rio de Janeiro/Brasília, Associação Brasileira de Antropologia: 35-54.
MALINOWSKI, Bronislaw. 2003 [1926]. Crime e costume na sociedade selvagem. Brasília: Editora Universidade de Brasília.
MARQUES, Adalton. 2008. “‘Faxina’ e ‘pilotagem’: dispositivos (de guerra) políticos no seio da administração prisional”. Lugar comum - estudos de mídia, cultura e democracia (UFRJ) 25-26: 283-290.
MARQUES, Adalton. 2018. Humanizar e expandir: uma genealogia da segurança pública em São Paulo. São Paulo: IBCCRIM.
MOL, Annemarie; LAW, John. 2002. Complexities: social studies of knowledge practices. Durham/North Carolina: Duke University Press. https://doi.org/10.1215/9780822383550-001
MONTEIRO, Paula. 2012. “Cidadania, direitos e obrigações”. In: A.C. de Souza Lima (coord.geral). Antropologia & Direito, Temas Antropológicos para Estudos Jurídicos. Rio de Janeiro/Brasília, Associação Brasileira de Antropologia:
-275.
MOORE, Sally Falk. 1969. “Law and Anthropology”. Biennal Review of Anthropology 6: 252-300. https://doi.org/10.1111/1467-9655.00052
MOORE, Sally Falk. 1978. Law as process: an anthropological approach. London: Routledge & Kegan Paul.
MOORE, Sally Falk. 2001. “Certainties undone: fifty trubulent years of legal anthropology, 1949-1999”. Journal of Royal Antrhpological Institute 7: 95-116.
MUNHOZ, Sara Regina. 2017. "A voz da família e as vozes sobre as famílias em um núcleo de medidas socioeducativas em meio aberto". Mana 23(1): 109-135. https://doi.org/10.1590/1678-49442017v23n1p109
RADCLIFFE-BROWN, A. R. 1933. Encyclopedia of Social Science, IX. New York, Macmillan: 202-206.
RAMOS, Luciana Maria de Moura. 2008. Véhn Jykré e Ke Ha Han Ke: Permanência e mudança do sistema jurídico dos Kaingang no Tibagi. Tese de Doutorado em Antropologia Social. Brasília: PPGAS/DAN/ UnB.
REED, Adam. 1999. “Anticipating Individuals: Modes of Vision and Their Social Consequence in a Papua New Guinean Prison”. Journal of Royal Anthropological Institute 5(1): 43-56. https://doi.org/10.2307/2660962
REED, Adam. 2006. “Documents Unfolding”. In: Annelise Riles (org), Documents: Artifacts of modern knowledge. Ann Arbor: University of Michigan Press.
RILES, Annelise. 2004. “Property as legal knowledge: means and ends”. The Journal of the Royal Anthropological Institute 10(4): 775-795. https://doi.org/10.1111/j.1467-9655.2004.00211.x
RILES, Annelise. 2006. Documents: Artifacts of Modern Knowledge. Ann Arbor: The University of Chicago Press.
RILES, Annelise. 2010. Is the Law Hopeful? In Economy of Hope. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.
ROBERTS, Simon. 1978. “Do we need an Anthropology of Law?”. RAIN 4: 4+6-7. https://doi.org/10.2307/3032325
ROULAND, Norbert. 1994. Legal Anthropology. London: The Athlone Press.
SCHNEIDER, David. 1984. A critique of the study of kinship. Ann Harbor: University of Michigan Press. https://doi.org/10.3998/mpub.7203
SCHRITZMEYER, Ana Lucia Pastore. 2010. “Por que um dossiê voltado para a antropologia do direito?”. Revista de Antropologia 53(2): 441-448.
SOUZA LIMA, Antonio Carlos de (coordenação geral). 2012. Antropologia & Direito, Temas Antropológicos para Estudos Jurídicos. Rio de Janeiro/Brasília: Associação Brasileira de Antropologia.
STRATHERN, Marilyn. 1991. Partial connections. Savage: Rowman and Littlefield.
STRATHERN, Marilyn. 2015. Parentesco, Direito e o Inesperado: parentes são sempre uma surpresa. São Paulo: Editora Unesp.
TARTUCE, Flávio. 2014. Manual de Direito Civil, Volume único. São Paulo: MÉTODO.
WOOLGAR, Steve; LATOUR, Bruno. 1986 [1979]. Laboratory life: the construction of scientific facts. Princeton/New Jersey: Princeton University Press.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
1 Authors retain copyright to work published under Creative Commons - Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0) which allows:
Share — copy and redistribute material in any medium or format
Adapt — remix, transform, and build upon material
In accordance with the following terms:
Attribution — You must give appropriate credit, provide a link to the license, and indicate if changes have been made. You must do so under any reasonable circumstances, but in no way that suggests that the licensor endorses you or your use.
Non-Commercial — You may not use the material for commercial purposes.
2 Authors are authorized to distribute the version of the work published in this journal, in institutional, thematic, databases and similar repository, with acknowledgment of the initial publication in this journal;
3 Works published in this journal will be indexed in databases, repositories, portals, directories and other sources in which the journal is and will be indexed.
