Open Journal Systems

Por uma categorização das técnicas esportivas: um diálogo entre Marcel Mauss e Georges Vigarello

Daniele Cristina Carquejeiro de Medeiros, Flavia Martinelli Ferreira

Resumo


 A história do corpo se impôs progressivamente na historiografia francesa, com publicações orientadas a discutir tal temática e tomá-la como objeto central de investigação. Apesar das mudanças nos estudos historiográficos, a história das técnicas corporais só mobilizou realmente os pesquisadores nos anos 1980. O objetivo do artigo é colocar em diálogo os apontamentos de Marcel Mauss, pioneiro nas investigações sobre as técnicas corporais, e de Georges Vigarello, que desenvolveu pesquisas historiográficas específicas sobre a temática. As discussões propostas por Mauss se estabeleceram de maneira bastante introdutória na antropologia, que, até a década de 1930, ainda não inseria o corpo como temática central de suas investigações. As categorias estabelecidas por Vigarello ampliam as anteriores, o que permitiu avaliar de maneira mais específica os avanços e evoluções das técnicas no âmbito esportivo. O grande valor de sua obra está, portanto, na síntese do tema e atualização das categorias, enriquecendo a reflexão. Conclui-se que não devemos descartar as definições elaboradas por Mauss, mas, identificar chaves analíticas para pensar o esporte, e, associando-as às categorias estabelecidas por Vigarello, investigar com mais precisão a evolução e transformação das técnicas esportivas. 

Palavras-chave


Técnicas Corporais; Técnicas esportivas; História do Corpo; Marcel Mauss; Georges Vigarello

Texto completo:

PDF

Referências


ANDRIEU, B. (2006). Hétéro-réflexivité des techniques du corps : l’épistémologie physio-psicho-sociale de Marcel Mauss. Le Portique – revue de philosophie et de sciences humaines, n. 17, p. 1-11.

ARNAUD, P. (1986). Objet culturel, objet technique, objet didactique. STAPS, n. 13, p. 43-55.

ARNAUD, P.; BROYER, G. (1983). Des techniques du corps aux techniques sportives. In : Psychopédagogie des activités physiques et sportives. Toulouse: Privat, p. 135-160.

BALE, J. (2003). Sports Geography. Taylor & Francis e-Library.

BALE, J.; VERTINKSKY, P. (2004). Introduction. In: Sites of sport: space, place, experience. London: Routledge, 2004, p.1-7.

BARTHOLO, T.L.; SALVADOR, M.A.S.; SOARES, A.J.G. (2004). O" futebol arte" e o" planejamento México" na copa de 70: as memórias de Lamartine Pereira da Costa. Movimento, v. 10, n. 3, p. 113-130.

CHARTIER, R.; VIGARELLO, G. (1982). Les trajectoires du sport, pratiques et spectacles. Le Débat, v. 19, p. 35-58, 1982.

CORBIN, A.; COURTINE, J.J. ; VIGARELLO, G. (Org) (2005a). Histoire du corps. 1. De la Renaissance aux Lumières. Paris : Seuil.

CORBIN, A.; COURTINE, J.J. ; VIGARELLO, G. (Org) (2005b). Histoire du corps. 2. De la Révolution á la Grande Guerre. Paris : Seuil, 2005b.

CORBIN, A.; COURTINE, J.J. ; VIGARELLO, G. (Org) (2005c). Histoire du corps. 3. Les mutations du regard. Paris: Seuil, 2005c.

CSORDAS, T. (2008). Corpo, significado, cura. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.

DAOLIO, J.; RIGONI, A.C.; ROBLE, O. J. (2012). Corporeidade: o legado de Marcel Mauss e Maurice Merleau-Ponty. Pro-Posições, Campinas, SP, v. 23, n. 3, p. 179–193.

DAOLIO, J.; VELOZO, E.L. (2008). A técnica esportiva como construção cultural: implicações para a pedagogia do esporte. Pensar a Prática, Goiânia, v. 11, n. 1, p. 9–16.

DE LA CALLE, J. V. (2000). Mudando la vida. Vida cotidiana y maneras de pensar en la pasieguería a finales del siglo XX. Tesis doctoral en la Facultad de Ciencias Políticas y Sociología. UNED, España.

DE LA CALLE, J. V. (2012). El gesto analógico. Una revisión de las “técnicas del cuerpo” de Marcel Mauss. Revista Latinoamericana de Estudios sobre Cuerpos, Emociones y Sociedad, n. 7, ano 3, pp. 75-87.

DILL, D.B. (2013). Life, Heat, and Altitude. Harvard University Press.

ELIAS, N. (1993). O processo civilizador: formação do Estado e civilização. Rio de Janeiro: Zahar.

ELIAS, N. (1994). O processo civilizador: a sociedade dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar.

LANOË, C. (2016). Corps et techniques, techniques du corps. In : CARNINO, G.; HILAIRE-PEREZ, L. ; KOBIJSKI, A (Org). Histoire des Techniques: mondes, sociétés, cultures (XVI – XVIII sciècle). PARIS : Puf, 2016, p. 365-381.

LE GOFF, J.; TRUONG, N. (2015). Uma história do corpo na Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

LOUDCHER, J.F. (2011). Limites et perspectives de la notion de technique du corps de Marcel Mauss dans le domaine du sport. STAPS, n. 91, p.9-27.

LOUDCHER, J.F. (2020). Processo civilizador e transformações sociais: uma análise das teorias elisianas em relação às ciências sociais do esporte. História: Questões & Debates, v. 68, n. 2, p. 14-36.

MAUSS, M. (2003). Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify.

MEDEIROS, D.C.C. (2022). O processo de esportivização do remo na cidade de São Paulo (1899-1949). Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 44, e009221.

MORAES E SILVA, M. et. al. (2014). Norbert Elias e Michel Foucault: apontamentos para uma tematização relacional da noção de poder. INTERthesis: Revista Internacional Interdisciplinar, v. 11, n. 1, p. 254-275.

PORTER, R. (2001). History of the Body Reconsidered. In: BURKE, P. (Org.). New perspectives on historical writing. Pennsylvania: Pennsylvania State University Press, p.230-260.

ROBÈNE, L. (2014). L’histoire des techniques et des technologies sportives : une matrice « culturelle » franco-française de l’histoire du sport ? Movement & Sport Sciences, v.88, p. 93-104.

ROBÈNE, L. (2021). À propos de l'article de Georges Vigarello, « Les techniques corporelles et les transformations de leurs configurations ». STAPS, H/S, p. 71-72.

ROCHA, G. (2008). “Marcel Mauss e o significado do corpo nas religiões brasileiras”. Interações – cultura e comunidade, v.3, n.4, p. 133-150.

TAMÉS, G.G. (2009). Aproximaciones a la historia del cuerpo como objeto de estudio de la disciplina histórica. Historia y Grafía, n. 33, p. 167-204.

TERTRAIS, H. (2018). En guise de conclusion. Que faire des « techniques du corps » de Marcel Mauss ? Outre-mers, v. 106, n. 398, p. 135-143.

TURNER, B. (1994). Avances recientes en la teoría del cuerpo. Reis: Revista española de investigaciones sociológicas, n.68, p.11-40.

VIGARELLO, G. (1978). Le corps redressé. Paris: A. Colin.

VIGARELLO, G. (1986). Les techniques corporelles et les transformations de leurs configurations, STAPS, v. 7, n.13, 19-22.

VIGARELLO, G. (1988). Une histoire culturelle du sport : Techniques d’hier... Et d’aujourd’hui. Paris: Éditions Robert Laffont S.A.

VIGARELLO, G. (2002). Du jeu ancien au show sportif : la naissance d’un mythe. Paris: Éditions Seuil.

VIGARELLO, G (2003). Histoire et modèles du corps. Hypothèses, v.1, n.6, p. 79-85.

VIGARELLO, G. (2005). S’entreîner. In: Histoire du corps. 3. Les mutations du regard. Paris: Seuil, p.197-252.

VIGARELLO, G.; VIVES, J. (1983). Technique corporelle et discours technique. Revue EPS, n. 184, p. 40-47.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/jlasss.v14i2.87741

Apontamentos

  • Não há apontamentos.