PNEUMOPERITÔNEO E PNEUMORETROPERITÔNEO COMO INDICATIVOS DE RUPTURA DE VÍSCERAS OCAS EM UM CÃO E UM GATO
DOI:
https://doi.org/10.5380/avs.v15i5.76566Keywords:
canino, diagnóstico por imagem, felino, radiografia, ruptura de cólonAbstract
Introdução: Pneumoperitôneo é definido como gás livre dentro da cavidade peritoneal e pode ser resultado trauma penetrante ou cirurgia abdominal. Em cães e gatos, a infecção abdominal por organismos produtores de gás, extravasamento de gás por ruptura de vísceras ocas e migração de gás decorrente da distensão de parede das vísceras são outras condições a ser consideradas (Smelstoys et al., 2004). Este relato descreve os aspectos radiográficos da ruptura não traumática de cólon em um cão e um gato, acarretando o pneumoretroperitôneo e pneumoperitôneo. Relato de caso: Foram atendidos um cão macho, de quatro anos, e uma gata, de três anos, ambos sem raça definida. O cão apresentava aumento de volume em região perineal há 14 dias, estava apresentando vômitos frequentes e aquesia há quatro dias. Na palpação retal, notou-se uma hérnia perineal e fecaloma. Já a gata apresentava um aumento progressivo abdominal, com discreta apatia, e suspeitou-se de gestação. A radiografia abdominal dos pacientes revelou distensão abdominal, presença de coleção fluida peritoneal ventral e acúmulo de gás livre promovendo o maior detalhamento das estruturas abdominais e retroperitoneais – caracterizando o pneumoperitôneo e pneumoretroperitôneo. O conjunto de achados radiográficos foi sugestivo de ruptura de vísceras ocas. No cão, a hérnia perineal envolvia a porção final do cólon descendente e formou uma saculação retal, a qual promoveu dilatação dos segmentos craniais e o acúmulo de fezes de alta radiopacidade (fecaloma). No gato, com os achados do exame simples já indicou-se a laparotomia exploratória. Porém no cão, após a abdominocentese, injetou-se contraste iodado não iônico por via retal para tentar se determinar o ponto da ruptura, e observou-se apenas o extravasamento do contraste na cavidade. Em ambos pacientes, a ruptura de cólon descendente foi confirmada pela enterectomia. Discussão: Assim como no trabalho de Saunders e Tobias (2003), ambos os casos de pneumoperitônio do presente relato também foram classificados como não traumáticos. Embora seja relatado que o pneumoperitôneo seja frequentemente resultado de cirurgia abdominal ou trauma penetrante (Smelstoys et al., 2004), este relato aborda a ocorrência de pneumoperitôneo e pneumoretroperitôneo devido ao extravasamento de gás por ruptura de vísceras ocas, secundário a uma possível obstrução intestinal no cão (hérnia perineal e fecaloma), e de causa indeterminada no gato. Os animais do presente estudo eram adultos jovens, diferente do que cita Saunders e Tobias (2003) sobre a prevalência maior de peneumoperitônio em animais idosos. E nestes casos não havia histórico de neoplasia ou da administração de antinflamatórios esteroides ou não esteroides provocando ulcerações, como possível causa da ruptura do trato gastrointestinal. Os resultados radiográficos falsos negativos na pesquisa de ruptura de vísceras ocas podem ocorrer quando há mínima quantidade de ar livre na cavidade, devendo sempre ser considerados principalmente na suspeita de úlceras rompidas. Conclusão: Quando identificados pelo exame radiográfico o pneumoperitôneo e pneumoretroperitôneo, são achados fortemente indicativos de ruptura do trato gastrintestinal, apesar da não determinação do ponto exato da ruptura. A identificação do pneumoperitôneo e pneumoretroperitôneo, em pacientes sem histórico de cirurgia abdominal, deve ser considerado uma emergência e indicada a laparotomia exploratória.
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