O sumo bem imanente e transcendente na filosofia de Kant
DOI:
https://doi.org/10.5380/sk.v23i1.96500Palavras-chave:
virtude, felicidade, imortalidade, Deus, sumo bem.Resumo
A doutrina do sumo bem tem levantado inúmeras controvérsias. Com efeito, diversas interpretações divergentes apareceram na literatura mais recente. Dentre essas interpretações, uma corrente, a qual chamarei interpretação transcendente, defende que o sumo bem deve ser compreendido de uma perspectiva individual, transcendente e religiosa, que enfatiza a imortalidade da alma e a existência de Deus. Uma interpretação concorrente, a qual chamarei interpretação imanente, acredita que a doutrina do sumo bem deve ser interpretada de uma perspectiva coletiva e imanente, que atribui um papel central à dimensão histórica e política. Segundo essa linha de interpretação, a ênfase concedida ao conceito de “sumo bem no mundo”, nos escritos dos anos de 1790, marca uma mudança de perspectiva sobre a doutrina do sumo bem, na qual a posição transcendente da década anterior teria sido abandonada por Kant a favor de uma perspectiva imanente. Meu objetivo é apresentar, de modo geral, o status da questão. Argumento que, na década de 1790, Kant assume uma perspectiva imanente do sumo bem, mas não abandona a sua dimensão transcendente. Defendo que, de uma perspectiva sistemática, a perspectiva imanente é problemática e, portanto, a perspectiva transcendente precisa continuar sendo considerada a base da doutrina do sumo bem.
Referências
BADER, R. M.. Kant’s theory of the highest good. In: AUFDERHEIDE, J. e BADER, R. (Eds.). The highest good in Aristotle and Kant. Oxford: Oxford University Press, p. 183-213, 2015.
BECK, L. A Commentary on Kant’s Critique of Practical Reason. Chicago, Chicago University Press, 1960.
COHEN, H. Kants Begründung der Ethik, nebst ihren Anwendungen auf Recht, Religion und Geschichte. Berlim, 1910.
CUNHA, B. A gênese da Ética de Kant: o desenvolvimento moral pré-crítico em relação com a teodiceia. São Paulo: LiberArs, 2017.
CUNHA, B. A Teodiceia de Kant em À Paz Perpétua. Cadernos de Filosofia Alemã, v. 30, n .2, 2025 (no prelo).
CUNHA, B. Kant e a defesa da causa de Deus: algumas considerações acerca do opúsculo kantiano sobre a teodiceia. Ética e Filosofia Política v. 1, n. 21, p. 5-21, 2018.
CUNHA, B. Kant e Leibniz sobre o problema da teodiceia. In: CUNHA, B. e FELDHAUS, C. (Eds.). Kant Em Diálogo. Londrina: Engenho das Letras, p. 164-209, 2024.
DENIS, L. Autonomy and the Highest Good. Kantian Review, v. 10, p. 33-59, 2006.
DUSING, K. Das problem des höchsten Gutes in Kants praktischer Philosophie. Kant-Studien, v. 62, p. 5-42, 1971.
GUYER, P. Virtues of Freedom: Selected Essays on Kant. Oxford: Oxford University Press, 2016.
HAMM, C. O lugar sistemático do Sumo Bem em Kant. Studia Kantiana, v. 9, n. 11, p. 41–55, 2011.
KANT, I. A religião nos limites da simples razão. Traduzido por Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes, 2024.
KANT, I. Crítica da faculdade de julgar. Traduzido por Fernando C. Matos. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2016.
KANT, I. Crítica da razão prática. Traduzido por Monique Hulshof. Petropólis: Vozes/São Francisco, 2016.
KANT, I. Crítica da razão pura. Traduzido por Fernando C. Matos. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2012.
KANT, I. Gesammelte Schriften. v. I-XXI, Edited by the Akademie der Wissenschaften. Berlin: Reimer (DeGruyter), 1910.
KANT, I. Lições de metafísica. Traduzido por Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2022.
KANT, I. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Traduzido por Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2019.
KANT, I. Sobre a expressão corrente: isto pode ser correcto na teoria, mas nada vale na prática. In: À paz perpétua e outros opúsculos. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1988.
KLEIN, J. Kant e a Ideia de uma História Universal. São Paulo: Edições Loyola, 2016.
KLEINGELD, P. What do the virtuous hope for? Re-Reading Kant’s doctrine of the highest good. In: ROBINSON, H. (Ed.). The proceedings of the eight international Kant congress. 1995, p. 91–113.
MARIÑA, J. Making sense of Kant’s highest good. Kant-Studien, v. 91 n. 3, p. 329–355, 2009.
O’CONNELL, E. Happiness proportioned to virtue: Kant and the highest good. Kantian Review, v. 17, n. 2, p. 257-279, 2012.
PASTERNACK, L. Restoring Kant’s Conception of the Highest Good. Journal of the History of Philosophy, v. 55, n. 3, p. 435-468, 2017.
PAULSEN, F. Immanuel Kant. Sein Leben und seine Lehre. Stuttgart, 1924.
RAWLS, J. Lectures on the History of Moral Philosophy. Harvard: Harvard University Press, 2000.
REATH, A. Two Conceptions of the Highest Good in Kant. Journal of the History of Philosophy, v. 26, p. 593-619, 1988.
SILBER, J. R. Kant’s Conception of the Highest Good as Immanent and Transcendent. Philosophical Review, v. 68, n. 4, p. 469-492, 1959.
VATANSEVER, S. Kant’s coherent theory of the highest good. International Journal for Philosophy of Religion, n. 89 v. 3, p. 263-283, 2020.
VILLARÁN, A. Overcoming the Problem of Impossibility in Kant’s Idea of the Highest Good. Journal of Philosophical Research, v. 38, p. 27-41, 2013.
YOVEL, Y. Kant and the Philosophy of History. Princeton University Press, 1980.
Downloads
Publicado
Versões
- 2025-05-04 (6)
- 2025-05-03 (5)
- 2025-05-02 (4)
- 2025-05-02 (3)
- 2025-05-02 (2)
- 2025-04-30 (1)
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Bruno Cunha

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores retêm os direitos autorais (copyright) de suas obras e concedem à revista Studia Kantiana o direito de primeira publicação.
Autores cedem o direito aos editores de vincular seus artigos em futuras bases de dados.
Todo o conteúdo desta revista está licenciado sob a Licença Internacional Creative Commons 4.0 (CC BY 4.0)

