De máquinas e seres vivos: quem age em resultados criminais decorrentes de decisões cibernéticas?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/rrddis.v3i5.93955

Palavras-chave:

Inteligência Artificial, Direito Penal, Filosofia da Linguagem,

Resumo

O objetivo deste trabalho é abordar o problema da relação entre o direito penal e as tecnologias de inteligência artificial (doravante I.A.) a partir de uma metodologia que consiste na exposição de alguns problemas relevantes da dogmática penal diante de tais pressupostos, seguida de uma proposta de recolocação desses problemas a partir de uma abordagem do sistema de imputação baseada na filosofia da linguagem. Espera-se que essa abordagem ofereça alternativas para o debate sobre o tema.

Biografia do Autor

Paulo César Busato, Universidade Federal do Paraná

O autor é Professor de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná, Brasil, Doutor pela Universidade Pablo de Olavide, Sevilha, Espanha e Promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná, Brasil.

Referências

ABBOTT, Ryan e SARCH, Alex. “Punishing Artificial Intelligence: Legal Fiction or Science Fiction”. UC Davis Law Review - Vol. 53. Davis: University of California, 2019.

BANTEKA, Nadia. “Artificially Intelligent Persons”. Houston Law Review 58, Houston: Universidade de Houston, 2021.

BARBOSA, Mafalda Miranda. “Nas fronteiras de um admirável mundo novo? O problema da personificação de entes dotados de inteligência artificial”. In: BARBOSA; Mafalda Miranda, BRAGA NETO, Felipe; SILVA, Michel César; FALEIROS

JÚNIOR, José Luiz de Moura (Coords.), Direito digital e inteligência artificial. Diálogos entre Brasil e Europa. São Paulo: Foco, 2021.

BECK, Ulrich. Sociedade de risco. Rumo a outra modernidade. Trans. de Sebastião Nascimento, São Paulo: Editora 34, 2011.

BECK, Ulrich. A metamorfose do mundo. Novos conceitos para uma nova realidade. Trans. de Maria Luíza X. de A. Borges, Rio de Janeiro: Zahar, 2018.

BOSTROM, Nick. Superintelligence [Superinteligência]. Oxford: oxford University Press, 2014.

BRANCO, Alexandra. Para Além do QI: Uma Perspetiva Mais Ampla de Inteligência. Coimbra: Quarteto, 2004.

BUSATO, Paulo César. “Liberdade de ação versus Neurociências”. In: A linguagem do Direito penal. São Paulo: Tirant lo Blanch, 2018.

BUSATO, Paulo César. Derecho penal y acción significativa. Valencia: Tirant lo Blanch, 2007.

BUSATO, Paulo César. Direito penal. Parte Geral. 5a ed., São Paulo: GEN-Atlas, 2020.

BUSATO, Paulo César. Três teses sobre a responsabilidade penal das pessoas jurídicas. Valência: Tirant lo Blanch, 2019.

COCA VILA, Ivó. “Coches autopilotados en situaciones de necesidad. Una aproximación desde la teoría de la justificación penal”. In: ESTELLITA, Heloísa; LEITE, Alaor (Org.). Veículos autônomos e Direito penal. . São Paulo: Marcial Pons, 2019.

DAUGHERTY, Paul R. e WILSON, H. James. Human + Machine. Reimagining Work in the Age of AI [Reimaginando o trabalho na era da IA]. Boston: Harvard Business Review Press, 2018.

DENNET, Daniel C. “Cuando los filósofos se encuentran con la inteligencia artificial”, em: GRAUBARD, Stephen R. (Comp.) The New Debate on Artificial Intelligence. . Madri: Gedisa, 1993.

DUFF, R. A. “Responsibility.” in: Routledge Encyclopedia of Philosophy, editado por Edward Craig. Londres: Routledge, 1998.

ESTELLITA, Heloisa e LEITE, Alaor. “Veículos Autônomos e Direito penal: uma introdução”. In: ESTELLITA , Heloísa; LEITE, Alaor (Org.). Veículos autônomos e Direito penal. São Paulo: Marcial Pons, 2019.

GALLAS, Wilhelm. „Abstrakte und konkrete Gefähdung“. In: LÜTTGER, Hans;

BLEI, Hermann; HANAU, Peter (org.). Festschrift für Ernst Heinitz zum 70 Geburtstag. Berlim: Walter de Gruyter, 1972.

GIUFRIDA, Iria. “Liability for AI Decision-Making: Some Legal and Ethical Considerations”, em Fordham Law Review, Volume 88, Edição 2, 2019.

GLESS, Sabine e WEIGEND, Thomas. “Agentes inteligentes e o Direito penal”. In: ESTELLITA , Heloísa; LEITE, Alaor (Org.). Veículos autônomos e Direito penal. São Paulo: Marcial Pons, 2019.

GOLEMAN, Daniel. Emotional Intelligence (Inteligência emocional). Nova York: Bantam Books, 1995.

GRECO, Luís. “Veículos autônomos e situações de colisão”. In: ESTELLITA , Heloísa; LEITE, Alaor (Org.). Veículos autônomos e Direito penal. São Paulo: Marcial Pons, 2019.

GURNEY, Jeffrey K.. “Imputing driverhood: applying a reasonable driver standard to accidents caused by autonomous vehicles”. In: LIN, Patrick, JENKINS, Ryan; ABNEY, Keith (Ed.). Robot Ethics 2.0. From Autonomous Cars to Artificial Intelligence. Nova York: Oxford University Press, 2020.

HALLEVY, Gabriel. “The Criminal Liability of Artificial Intelligence Entities - from Science Fiction to Legal Social Control”, in Akron Intellectual Property Journal - March 2016, Akron: The University of Akron, 2016.

HASSEMER, Winfried e MUÑOZ CONDE, Francisco. La responsabilidad poe el producto en Derecho penal. Valencia: Tirant lo Blanch, 1995.

HILGENDORF, Eric. “Direito e máquinas autônomas. Um esboço do problema”. In: ESTELLITA , Heloísa; LEITE, Alaor (Org.). Veículos autônomos e Direito penal. São Paulo: Marcial Pons, 2019.

HILGENDORF, Eric. “Sistemas autônomos, inteligência artificial e robótica: uma orientação a partir da perspectiva jurídico-penal”, in Digitalização e Direito. Trans. de Orlandino Gleizer, São Paulo: Marcial Pons, 2020.

HÖRNLE, Tatjana e WOHLERS, Wolfgang. “Trolley Problem revisitado: como evem ser programados os veículos autônomos no dilema vida-contra-vida?”. In: ESTELLITA , Heloísa; LEITE, Alaor (Org.). Veículos autônomos e Direito penal. São Paulo: Marcial Pons, 2019.

HUBBARD, E. Patrick. “’Do Androids Dream?’ Personhood and Intelligent Artifacts”. Temple Law Review 83, Filadélfia: Temple University Beasley School of Law, 2011.

ISASI, Rosario M. e ANNAS, George J. “To clone alone: the United Nations Human Cloning Declaration”. Revista de derecho y genoma humano, nº 24, Biscaia: Universidad del País Vasco, 2006.

JAKOBS, Günther. Derecho penal. Parte Geral. Fundamentos y teoría de la imputación. Trad. de Joaquin Cuello Contreras e Jose Luis Serrano González de Murillo, 2a ed., Madri: Marcial Pons, 1997.

JANUÁRIO, Túlio Xavier. “Veículos autônomos e imputação de responsabilidades por acidentes” in: A inteligência artificial no Direito penal. Lisboa: Almedina, 2020.

KAPLAN, Andreas e HAENLEIN, Michael. “Siri, Siri, em minha mão: Quem é o mais justo da terra? On the interpretations, illustrations, and implications of artificial intelligence”, em Business Horizons 62, no. 1. Indiana: Kelley School of Business-Elsevier, jan./fev. 2019.

KENDEL, Eric R.; SCHWARTS, James H.; JESSEL, Tomas M. Fundamentos da Neurociência e do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

LOH, Wulf e LOH, Janina. “Autonomia e responsabilidade em sistemas híbridos: O exemplo dos carros autônomos”, em Robot Ethics 2.0. From Autonomous Cars to Artificial Intelligence (De carros autônomos à inteligência artificial). Nova York: Oxford University Press, 2017.

ONA, Niklas. Rechtssoziologie. Volumes I e II, Hamburgo: Rowohlt, 1972.

MARINUCCI, Giorgio. El delito como acción. Crítica de un dogma. Tradução de José Eduardo Sainz-Cantero Caparrós, Madri: Marcial Pons, 1998.

MATURANA ROMESÍN, Humberto e VARELA GARCÍA, Francisco. De máquinas e seres vivos. Autopoiesis: la organización de lo vivo. 6a ed. Buenos Aires: Lumen, 2003.

MUÑOZ CONDE, Francisco. “Prólogo” em Fundamentos del Sistema Penal. 2a ed., Valencia: Tirant lo Blanch, 2011.

OWEN, David G. e DAVIES, Mary J.. Owen & Davis on Products Liability. 4ª ed., Eagen: Thomson West, 2016.

ROMEO CASABONA, Carlos María. “Bienes Jurídicos implicados en la clonación”. Revista de Derecho, Criminología y Ciencias Penales nº 2, Santiago: Universidad San Sebastián, 2000.

ROMEO CASABONA, Carlos María. “Contribuições do princípio de precaução ao Direito penal”. Revista de Estudos Criminais nº 5. Porto Alegre: ITEC, 2002.

ROMEO CASABONA, Carlos María. “Hacia un Derecho transcultural para la genética y la biotecnología humanas”. Anuario Jurídico de La Rioja nº 12, La Rioja: Universidad de la Rioja, 2007.

ROMEO CASABONA, Carlos María. “La cuestión jurídica de la obtención de células troncales embrionarias humanas con fines de investigación biomédica. Consideraciones de política legislativa”. Revista de derecho y genoma humano, nº 24, Biscaia: Universidad del País Vasco, 2006.

ROTH, Gerhard. Fühlen, Denken, Handeln. Wir das Gehirn unser Verhalten steuert. Frankfurt: Suhrkamp, 2003.

ROXIN, Claus. “Contribuição para a crítica da teoria finalista da ação”, in: Problemas fundamentais de Direito penal. Trad. de Ana Paula dos Santos Luís Natscheradetz, Lisboa: Vega, 1998.

ROXIN, Claus. „Zur Kritik der finaler Handlungslehre“, em Zeitschrift für die gesamte Strafrechtswissenschaft, volume 74, número 4. Berlim: De Gruyter, 1962.

ROXIN, Claus. Derecho penal. Parte General. Tomo I. Fundamentos. La estructura de la teoría del delito. Trad. de Diego Manuel Luzón Peña, Miguel Díaz y García Conlledo e Javier de Vicente Remesal, Madri: Civitas, 2000, p. 218.

ROXIN, Claus. Derecho penal. Parte General. Tomo I. Fundamentos. La estructura de la teoría del delito. Trad. de Diego Manuel Luzón Peña, Miguel Díaz y García Conlledo e Javier de Vicente Remesal, Madri: Civitas, 2000.

SINGER, Wolf. Ein neues Menschenbild? Gespräche über Hirnforschung. Frankfurt: Suhrkamp, 2003.

SOUSA, Susana Aires de. „Não fui eu, foi a máquina: teoria do crime, responsabilidade e inteligência artificial“ in: A inteligência artificial no Direito penal. Lisboa: Almedina, 2020.

SULLIVAN, Hannah R. e SCHWEIKART, Scott J.. “As atuais doutrinas de responsabilidade civil são adequadas para lidar com os danos causados pela IA?” AMA Journal of Ethics, Volume 21, Número 2, fevereiro de 2019.

TORÍO LÓPEZ, Ángel. “Los delitos de peligro hipotético (contribución al estudio diferencial de los delitos de peligro abstracto). in Anuario de Derecho penal y ciencias penales, Madrid: CGPJ, 1997.

TURNER, Jacob. Robot Rules. Regulating Artificial Intelligence [Regulando a Inteligência Artificial]. Londres: Palgrave-McMillan, 2019.

VIVES ANTÓN, Tomás S. Fundamentos del Sistema Penal. 2a ed., Valencia: Tirant lo Blanch, 2011.

WEIGAND, Thomas. “Direito de necessidade para carros autônomos?”. In: ESTELLITA , Heloísa; LEITE, Alaor (Org.). Veículos autônomos e Direito penal. São Paulo: Marcial Pons, 2019.

WHITE, Trevor N. e BAUM, Seth D.. Liability for present and future robotics technology”. In; LIN, Patrick; JENKINS, Ryan; ABNEY, Keith (Ed.). Robot Ethics 2.0. From Autonomous Cars to Artificial Intelligence. Nova York: Oxford University Press, 2020.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigaciones Filosóficas. nº 65. Versão bilíngue, traduzida por Alfonso García Suárez e Ulises Moulines, Barcelona: Ed. Crítica, 2002.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Philosophische Untersuchungen. Frankfurt-am-Main: Suhrkamp, 1971.

Downloads

Publicado

2024-01-02

Como Citar

Busato, P. C. (2024). De máquinas e seres vivos: quem age em resultados criminais decorrentes de decisões cibernéticas?. Revista Rede De Direito Digital, Intelectual & Sociedade, 3(5), 183–213. https://doi.org/10.5380/rrddis.v3i5.93955

Edição

Seção

Parte III - Inovação, direito digital e tecnologia