Entre o “faça o que eu digo” e o “faça o que eu faço”: uma análise da coerência entre o ensinado e o decidido pelos Ministros do STF
DOI:
https://doi.org/10.5380/rinc.v9i1.83927Keywords:
jurisdição constitucional, neoconstitucionalismo, doutrina, STF, casos difíceisAbstract
Este artigo objetivou discutir se haveria ou não coerência entre o que os Ministros do STF ensinam em suas doutrinas e aquilo que eles decidem em casos difíceis enquanto juízes constitucionais, considerando as polêmicas levantadas pelo paradigma neoconstitucional. Para tanto, construiu-se uma pesquisa bibliográfica e documental amparada no método hipotético-dedutivo. Acreditava-se inicialmente que o grau de coerência entre o ensinado e o decidido oscilaria conforme os interesses extrajurídicos em jogo. Para testar essa hipótese, a pesquisa foi estruturada em três partes. Na primeira, foram debatidos os principais elementos que compõem esse paradigma. Na segunda, analisou-se as doutrinas dos Ministros Mendes, Moraes e Barroso. Na terceira, foram estudados os votos deles na ADO 26 – sobre a equiparação da homotransfobia ao crime de racismo, e na ADI 5.526 – sobre a aplicabilidade de cautelares penais aos congressistas. Ao final, refutou-se a hipótese levantada, pois o grau de vinculação às ideias e métodos neoconstitucionais manifestado pelos Ministros em suas respectivas doutrinas também foi verificado nas ações analisadas. Como reflexão final, a pesquisa aponta para a necessidade de pesquisar empiricamente a atuação da jurisdição constitucional como forma de fiscalizá-la e controlá-la democraticamente.
References
ABBOUD, Georges; OLIVEIRA, Rafael Tomaz de. Contra o neoconstitucionalismo: idiossincrasias e incongruências da teoria constitucional contemporânea. In: LEITE, George Salomão; LEITE, Glauco Salomão; STRECK, Lenio (Org). Neoconstitucionalismo: avanços e retrocessos. Belo Horizonte: Fórum, 2017.
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Traduzido por Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2017.
APOLINÁRIO, Marcelo Nunes. Reflexões sobre as razões e contradições do neoconstitucionalismo a partir dos postulados do Estado de Direito. In: SGARBOSSA, Luís Fernando; IENSUE, Geziela (Org.). Estudos em teoria do Estado e Constituição: desafios e perspectivas. Campo Grande: Instituto Brasileiro de Pesquisa Jurídica, 2018.
ÁVILA, Humberto. Neoconstitucionalismo: entre a ciência do direito e o direito da ciência. Revista eletrônica de Direito do Estado, vol. 17, pp. 1-19, jan./mar. 2009.
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva, 2020.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Declaratória de Inconstitucionalidade n.º 5.526. Relator Ministro Edson Fachin, public. 11 out. 2017. Disponível em https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=747870228. Acesso em 27 nov. 2021.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão n.º 26. Relator Ministro Celso de Mello, public. 01 jul. 2019. Disponível em http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4515053. Acesso em 27 nov. 2021.
COMANDUCCI, Paolo. Formas de (neo) constitucionalismo: un análisis metateorico. In: CARBONELL, Miguel. Neoconstitucionalismo(s). Madrid: Trotta, 2003.
DIMOULIS, Dimitri; LUNARDI, Soraya. Curso de processo constitucional. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017.
FERRAJOLI, Luigi. Constitucionalismo principialista y constitucionalismo garantista. In: FERRAJOLI, Luigi (Org.). Un debate sobre el constitucionalismo. Madrid: Ediciones Jurídicas y Sociales, 2012.
GALVÃO, Jorge Octávio Lavocat. O Neoconstitucionalismo e o fim do Estado de Direito. São Paulo: Saraiva, 2014.
JARAMILLO, Leonardo García. Desafíos conceptuales y prácticos del neoconstitucionalismo: hacia una agenda latinoamericana de investigación. In: LEITE, George Salomão; LEITE, Glauco Salomão; STRECK, Lenio (Orgs). Neoconstitucionalismo: avanços e retrocessos.. Belo Horizonte: Fórum, 2017.
MARTINS, Ricardo Marcondes. Neoconstitucionalismo (verbete). In: CAMPILONGO, Celso Fernandes; GONZAGA, Alvaro de Azevedo; FREIRE, André Luiz (Coord.). Enciclopédia jurídica da PUC-SP. São Paulo: PUC-SP, 2017.
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gonet. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva Educação SA, 2020.
MONICA, Eder Fernandes. A hegemonia do discurso liberal sobre direitos homossexuais no STF. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, pp. 1358-1390, 2020.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2020.
NOBRE, Marcos. Apontamentos sobre a pesquisa em direito no Brasil. In: RODRIGUEZ, José Rodrigo (Coord.). Cadernos Direito GV. São Paulo: FGV, 2009.
PEÑA, Lorenzo; AÚSIN, Txetxu. Neoconstitucionalismo y valores del ordenamiento jurídico. In: PEÑA, Lorenzo; AÚSIN, Txetxu (Coords.). Conceptos y valores constitucionales. Madrid: Plaza y Valdés, 2016.
POZZOLO, Suzanna. O neoconstitucionalismo como último desafio ao positivismo jurídico. In: OTTO, Écio; POZZOLO, Suzanna. Neoconstitucionalismo e Positivismo Jurídico. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012.
RODRIGUES, Horácio Wanderlei; GRUBBA, Leilane Serratine. Conhecer Direito I: a teoria do conhecimento no século XX e a Ciência do Direito. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2012.
SANCHÍS, Luis Prieto. Neoconstitucionalismo y ponderación judicial. In: CARBONELL, Miguel. Neoconstitucionalismo(s). 4. ed. Madrid: Editorial Trotta, 2009.
SARMENTO, Daniel. Filosofia e teoria constitucional contemporânea. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
SILVA, Virgílio Afonso da. O relator dá voz ao STF? Uma réplica a Almeida e Bogossian. REI-Revista Estudos Institucionais, vol. 2, n. 2, pp. 648-669, jul./dez. 2016.
STRECK, Lenio Luiz. Dicionário de Hermenêutica. Belo Horizonte: Letramento - Casa do Direito, 2017.
TASSINARI, Clarissa. Jurisdição e ativismo judicial: Limites da atuação do judiciário. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013.
TEIXEIRA, Renato Patrício; MORAES, Samuel Justino de; COELHO, Arisvaldo Souza; SILVA, Marcus Vinicius Morais; ALMEIDA, Weslley Guimarães de; LAGE, Weverton Duarte. O julgamento conjunto da ADO 26 e do MI 4733: Uma análise sobre sua coerência e integridade com o ordenamento jurídico brasileiro. Revista Eletrônica de Direito Penal e Política Criminal – UFRGS, Porto Alegra, vol. 9, n. 1, pp. 2-22, 2021.
TURRA, Gabriela Sufiati; MACHADO, Álvaro Augusto Lauff. O ativismo judicial no Supremo Tribunal Federal: uma análise a partir do julgamento da ADO nº 26/DF. Revista da Faculdade de Direito da FMP, Porto Alegre, vol. 16, n. 1, pp. 105-121, 2021.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this Journal agree to the following terms:
- Authors retain copyright and grant the Journal of Constitutional Research the right of first publication with the article simultaneously licensed under the Creative Commons - Attribution 4.0 International which allows sharing the work with recognition of the authors and its initial publication in this Journal.
- Authors are able to take on additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the paper published in this Journal (eg.: publishing in institutional repository or as a book), with a recognition of its initial publication in this Journal.
- Authors are allowed and encouraged to publish their work online (eg.: in institutional repositories or on their personal website) at any point before or during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as increase the impact and the citation of the published work (see the Effect of Open Access).




















