Open Journal Systems

Direitos humanos, constitucionalismo transnacional e redução das desigualdades raciais: desafios pós-pandemia de COVID-19

Anderson Vichinkeski Teixeira, Fernanda Frizzo Bragato

Resumo


Este artigo parte do pressuposto de que o impacto desproporcional da COVID-19 sobre a população negra no Brasil é um problema de racismo estrutural. Por outro lado, assume que o constitucionalismo transnacional surge como alternativa possível para a prevenção de crises globais, como é caso desta pandemia. Nesse sentido, o racismo estrutural, que ressalta o impacto da crise global de COVID-19 sobre os negros no Brasil, é um desafio que o constitucionalismo global terá que enfrentar a fim de não reproduzir estruturas implícita ou explicitamente marcadas pelo racismo. Na primeira parte, o artigo recolhe dados preliminares acerca dos impactos da pandemia de COVID-19 no Brasil, sobretudo nos negros. Após, discute estudos atinentes aos temas racismo, poder e discurso. Na terceira parte, reconstrói brevemente conceitos centrais do constitucionalismo transnacional a partir de sua evolução no Ocidente. Por fim, reflete sobre os três possíveis desafios ao constitucionalismo transnacional no combate às desigualdades raciais em cenários pós-pandemia: desafio teórico-normativo, desafio estrutural-funcional e desafio político-pragmático.

Palavras-chave


Direito humanos; constitucionalismo transnacional; racismo; COVID-19.

Texto completo:

PDF

Referências


ACKERMAN, Bruce. The Rise of World Constitutionalism. Virginia Law Review, [s.l.], vol. 83, p. 771-797, 1997.

ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.

BETHENCOURT, Francisco. Racismo: das Cruzadas ao século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.

BRAGATO, Fernanda Frizzo; COLARES, Virginia. Indícios de descolonialidade na Análise Crítica do Discurso na ADPF 186/DF. Revista Direito GV, São Paulo, vol. 13, n. 3, p. 949-980, 2017.

CANOTILHO, Joaquim José Gomes. ‘Brancosos’ e interconstitucionalidade. Coimbra: Almedina, 2006.

CIDH. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Relatório n. 66/06. Caso 12.001 MÉRITO. SIMONE ANDRÉ DINIZ BRASIL, 21 de outubro de 2006.

FALK, Richard. Human Rights and State Sovereignty. New York: Holmes & Meier, 1981.

FALK, Richard. On Human Governance. Towards a New Global Politics. Cambridge: Polity Press, 1995.

FALK, Richard. Predatory Globalization. Cambridge: Polity Press, 1999.

FANON, Frantz. The wretched of the earth. New York: Grove Press, 1968.

FANON, Frantz. Black skin, white masks. London: Paladin, 1970.

FIORAVANTI, Maurizio. Costituzionalismo. Percorsi della storia e tendenze attuali. Roma-Bari: Laterza, 2009.

FOUCAULT, Michel. L’archéologie du savoir. Paris: Gallimard, 1969.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 4 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

JAKOBSON, Roman. Essais de linguistique générale. Tomos I e II. Paris: Les Éditions de Minuit, 1963; 1973.

JONES, Camara P. Confronting Institutionalized Racism. Phylon, [s.l.], vol. 50, n. 1/2, p. 7-22, 2002.

KALCKMANN, Suzana; SANTOS, Claudete Gomes dos; BATISTA, Luís Eduardo; CRUZ, Vanessa Martins da. Racismo institucional: desafio para a equidade no SUS? Saúde e Sociedade, [s.l.], vol. 16, n. 2, p. 146-155, 2007.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Anthropologie structurale. Paris: Plon, 1958.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes tropiques. Paris: Plon, 1958.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Race et Histoire; Race et Culture. Paris: Albin Michel et UNESCO, 2001.

MADURO, Miguel Poiares. A constituição plural: constitucionalismo e União Europeia. Cascais: Principia, 2006.

NEVES, Marcelo. Transconstitucionalismo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

PETERS, Michael. Pós-estruturalismo e filosofia da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

PIAGET, Jean de. Le structuralisme. Paris: PUF, 1968.

PIRES, Luiza Nassif; XAVIER, Laura de Lima; CARVALHO, Laura. Coronavírus e desigualdade no Brasil. CEBES, 06 de abril de 2020. http://cebes.org.br/2020/04/covid-19-e-desigualdade-no-brasil/

PONTHOREAU, Marie-Claire. “Global constitutionalism”, un discours doctrinal homogénéisant. L’apport du comparatisme critique. Jus Politicum. Revue de droit politique, [s.l.], n. 19, p. 105-134, 2018.

RANGEL, Paulo Castro. Uma teoria da interconstitucionalidade: pluralismo e constituição no pensamento de Francisco Lucas Pires. Revista Themis, [s.l.], ano 1, n. 2, p. 127-151, 2000.

ROUSSEAU, Dominique. L’ état d’urgence, un état vide des droit(s). Revue Projet, [s.l.], vol. 2, n. 291, p.19-26, 2006.

SAID, Edward. Orientalism. New York: Vintage Books, 1978.

SMITH, Linda Tuhiwai. Decolonizing Methodologies Research and Indigenous Peoples. 12. ed. London: Duneoin, 2008.

TEIXEIRA, Anderson V. Constitucionalismo transnacional: por uma compreensão pluriversalista do Estado constitucional. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 3, n. 3, p. 141-166, 2016.

TEIXEIRA, Anderson V. Teoria Pluriversalista do Direito Internacional. São Paulo : WMF Martins Fontes, 2011.

TORODOV, Tzvetan. Nosotros y los otros: reflexión sobre la diversidad humana. Madrid: Siglo XXI, 2007.

VIOLA, Francesco. South Asian Constitutionalism? A contemporary pathway towards an authentic constitutional order. Revista de Estudos Constitucionais e Hermenêutica do Direito, São Leopoldo, vol. 12, n. 1, p. 78-97, 2020.

WAYNE, C. K.; WILLIAMS, Michelle. Covid-19 and Immunity in Aging Populations — A New Research Agenda. The New England Journal of Medicine, [s.l.], vol. 383, n. 9, p. 804-805, abr. 2020.

WERNECK, Jurema. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde e Sociedade, [s.l.], vol. 25, n. 3, p. 535-549, 2016.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rinc.v8i1.74326

Apontamentos

  • Não há apontamentos.