Open Journal Systems

Os paradoxos da deliberação judicial colegiada

Guilherme da Franca Couto Fernandes de Almeida, Pedro Henrique Veiga Chrismann

Resumo


Em alguns casos, há pouca convergência com relação aos fundamentos de uma dada decisão do Supremo Tribunal Federal. Há vezes em que o tribunal sequer forma maioria com relação à razão de decidir, tornando extremamente difícil a aplicação de seus precedentes. Argumentamos que parte da causa desse problema está na aplicabilidade dos teoremas da impossibilidade de Arrow e de List e Pettit às decisões colegiadas judiciais. Ademais, veremos que embora esse sempre tenha sido (e provavelmente será) o caso, o problema se torna muito mais grave quando se aumentam as opções de fundamentação disponíveis ao juiz, como acontece em função da adoção da causa de pedir aberta nas ações de controle concentrado de constitucionalidade, nos casos de textos menos determinados ou na aplicação de técnicas como a declaração de nulidade parcial sem redução de texto.


Palavras-chave


Supremo Tribunal Federal; tomada de decisões; fundamentação racional; Teorema de Arrow; Teorema de List e Pettit.

Texto completo:

PDF

Referências


ALEXANDER, Larry. There is no first amendment overbreadth (but there are vague first amendment doctrines); prior restraints aren’t “prior”; and “as applied” challenges seek judicial statutory amendments. Constitutional Commentary, Minneapolis, vol. 27, n. 2, p. 439-454, sept./nov. 2011.

ALEXANDER, Larry; SHERWIN, Emily. Demystifying Legal Reasoning. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

ALMEIDA, Danilo dos Santos; BOGOSSIAN, André Martins. “Nos termos do voto do relator”: considerações acerca da fundamentação coletiva nos acórdãos do STF. Revista Estudos Institucionais, vol. 2, n.1, p. 264-297, jan./jun. 2016.

ARROW, Kenneth Joseph. A difficulty in the concept of social welfare. Journal of Political Economy, Chicago, vol. 58, n. 4, p. 328-346. 1950.

ARROW, Kenneth Joseph. Social choice and individual values. New York: Jon Wiley & Sons, 1963.

ASGEIRSSON, Hrafn. On the instrumental value of vagueness in the law. Ethics, vol. 125, n. 2, p. 425-448. 2015.

BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro: exposição sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 145.

BRANDO, Marcelo Santini; LEITE, Fábio Carvalho. Dispersão de fundamentos no Supremo Tribunal Federal. Revista Direito, Estado e Sociedade, Rio de Janeiro, n. 48, p. 139-166, jan./jun. 2016.

CHRISMANN, Pedro Henrique Veiga. Julieta não está pronta para ser Montecchio – A união das famílias jurídicas e a necessidade de uma nova metodologia do direito preocupada com precedentes. Revista de Direito Brasileira, São Paulo, vol. 14, n. 6, p. 03-17, maio/ago. 2016.

DWORKIN, Ronald. Taking rights seriously. Cambridge: Harvard University Press, 1978.

EASTBROOK, Frank. Ways of criticizing the court. Harvard Law Review, Cambridge, vol. 95, n. 4, p. 802-832, feb. 1982.

KLAFKE, Guilherme Forma; PRETZEL, Bruna Romano. Processo decisório no Supremo Tribunal Federal: aprofundando o diagnóstico das onze ilhas. Revista de Estudos Empíricos em Direito, v. 1, p. 89-104, 2014.

KORNHAUSER, Lewis A.; SAGER, Lawrence G. Unpacking the court. The Yale Law Journal, Danvers, vol. 96, n. 1, p. 82-117. 1986.

KRISHNAMOORTHY, Mukkai S.; RAGHAVACHARI, Madabhushi. Condorcet winner probabilities – a statistical perspective. 2005. Disponível em: .

LIST, Christian. The theory of judgement aggregation: an introductory review. Synthese, vol. 187, issue 1, p. 197-207, 2012.

LIST, Christian; PETTIT, Philip. Aggregating sets of judgement: an impossibility result. Economics and Philosophy, Cambridge, vol. 18, n. 1, p. 89-110, apr. 2002.

LIST, Christian; PETTIT, Philip. Aggregating sets of judegements: two impossibility results compared. Synthese. vol. 140, issue 1, p. 207-235, 2004.

MEYERSON, Michael. The irrational Supreme Court. Nebraska Law Review, Nebraska, vol. 84, n. 3, p. 895-961, jul./sept. 2006.

MORREAU, Michael. Arrow’s Theorem. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2014. Disponível em: .

NAGEL, Robert F. The formulaic constitution. Michigan Law Review, Ann Arbor, vol. 84, n. 2, p. 165-212. 1985.

NIEMI, Richard G.; WEISBERG, Herbert F. A mathematical solution for the probability of the paradox of voting. Behavioral Science, [s.l.], vol. 13, n. 4, p. 317-323. 1968.

PACUIT, Eric. Voting methods. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2011. Disponível em: http://plato.stanford.edu/entries/voting-methods/. Visitado em: 25/01/2018.

ROSEVEAR, Evan; HARTMANN, Ivar Alberto; ARGUELHES, Diego Werneck. Disagreement on the Brazilian supreme court: an exploratory analysis. Disponível em: . Acesso em 25 jan. 2018.

SCHAUER, Frederick. Formalism. The Yale Law Journal, Danvers, vol. 97, n. 4, p. 509-548. 1988.

SCHAUER, Frederick. Playing By The Rules: A Philosophical Examination of Rule-Based Decision-Making in Law and in Life. Oxford: Oxford University Press, 1991.

SCHAUER, Frederick. Precedent. In: MARMOR, Andrei (Org.) The Rouledge Companion to Philosophy of Law. New York: Routledge, 2012.

SCHAUER, Frederick. Thinking like a lawyer. Cambridge: Harvard University Press, 2009.

SILVA, Virgílio Afonso da. Deciding without deliberating. International Journal of Constitutional Law, vol. 11, n. 3, p. 557-584, jul./sept. 2013.

SILVA, Virgílio Afonso da. Interpretação conforme a constituição: entre a trivialidade e a centralização judicial. Revista Direito GV, São Paulo, vol. 2, n. 1, p. 191-210, jan./jun. 2006.

SPECTOR, Hector. Constitutional choice, deliberation and Arrovian dictatorship. Palestra proferida no II Congresso Internacional de Direito Constitucional e Filosofia Política, na Escola Superior Dom Helder Câmara, na cidade Belo Horizonte, 26 nov. 2015.

TUOMELA, Raimo. Group reasons. Philosophical Issues, vol. 22, issue 1, p. 402-418, oct. 2012.

TUSHNET, Mark. Taking the constitution away from the courts. Princeton: Princeton University Press, 1999.

VOJVODIC, Adriana de Moraes; MACHADO, Ana Mara França; CARDOSO, Evorah Lusci Costa. Escrevendo um romance, primeiro capítulo: precedentes e processo decisório no STF. Revista Direito GV, São Paulo, vol. 5, n. 1, p. 21-44, jan./jun. 2009.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rinc.v6i1.57578

Apontamentos

  • Não há apontamentos.