n. 02 - POLÍTICAS EDUCATIVAS E A AVALIAÇÃO: INFLEXÕES DO EXAME PISA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/jpe.v15i0.77783

Palavras-chave:

Regulação Transnacional, PISA, Avaliação em Larga Escala, Indução de Políticas

Resumo

Este ensaio considera que a regulação supranacional operada pelo PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, tradução de Programme for International Student Assessment é uma força indutora de políticas educativas no Brasil e em Portugal. O estudo tem abordagem qualitativa, seguindo os pressupostos da pesquisa sociocrítica. O enquadramento metodológico tem como baldrame a ótica da política educacional, no caso o projeto neoliberal, cujos reflexos impactam na vida das pessoas. O projeto neoliberal, tornado hegemônico pela globalização da economia, afigura-se, segundo Dardot e Laval (2016), como uma nova racionalidade, uma “nova razão do mundo”, a fabricar o esgotamento da democracia liberal e a determinar novas formas de ver o mundo. Estarmos à mercê de uma Regulação Transnacional, operada por organismos multilaterais, entre os quais a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), coordenadora do Programa PISA. A gramática do PISA difunde normativas e prescrições, mormente num contexto de influência de grande impacto e credibilidade. Sob tal ângulo, anunciamos o propósito que movimenta este artigo, qual seja o de analisar a regulação supranacional operada pelo PISA e suas influências no campo. Para o alcance de tal propósito, apontamos, a tese da regulação supranacional, enquanto possibilidade de compreensão que esta categoria permite (Afonso; Costa; Autor; Carvalho). Esta visão apresenta a política educacional, demandada por uma agenda estruturada externamente aos estados nacionais.

Biografia do Autor

Edite Maria Sudbrack, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI

Pós-Doutorado em Educação (2020) – Universidade de Aveiro/Portugal
Pós-Doutorado em Educação (2016) – UFRGS
Doutorado em Educação (2002) - UFRGS
Mestrado em Educação (1995) - UFRGS
Pró-reitora de Ensino da URI
Líder do GPE - Grupo de Pesquisa em Educação: políticas públicas e gestão
Professora do PPGEDU da URI/Câmpus de Frederico Westphalen
Orcid.org/0000-0002-9591-8038

Lattes: http://lattes.cnpq.br/0913443167757014

Dora Maria Ramos Fonseca, Universidade de Aveiro - UA

PhD in Educational Sciences and a post-doctorate in Educational Administration from the University of Aveiro. She is an integrated researcher at the Research Center "Didactics and Technology in the Training of Trainers" (CIDTFF) and Assistant Professor in the Department of Education and Psychology. In terms of research, in the field of Educational Policies and Educational Administration, She has been developing studies (in Portugal and in Brazil) within the scope of the processes of decentralization of education, of organizational assessment and of educational regulations between the central Powers / Local power (s), issues on which it has published nationally and internationally (book chapters, articles in national and international magazines, minutes of congresses and others). She is a reviewer / evaluator of several national and international magazines.

Referências

AFONSO, A.; COSTA, E. A influência do Programme for International Student Assessment (PISA) na decisão política em Portugal: o caso das políticas educativas do XVII Governo Constitucional Português. Sísifo: revista de ciências da educação, n. 10, 2009.

AFONSO, A. Estado, mercado, comunidade e avaliação: esboço para uma rearticulação crítica. Educação & Sociedade, v. 20, n. 69, p. 139-164, 1999.

AFONSO, A. Nem tudo o que conta é mensurável ou comparável. Crítica à accountability baseada em testes estandardizados e rankings escolares. Revista Lusófona de Educação, v. 13, n. 1, p. 3-29, 2009.

ARRUDA, M. Globalização e sociedade civil: compensação ou cooperação no contexto da cidadania ativa. In: ARRUDA, M.; BOFF, L. (Org.). Globalização: desafios socioeconômicos, éticos e educativos. Petrópolis/SP: Vozes, 2000.

BALL, S. Diretrizes políticas e políticas locais em educação. Currículo sem Fronteiras, n. 1, p. 99-116, 2001.

BART, D.; DAUNAY, B. Pode-se levar a sério o PISA? O tratamento do texto literário em uma avaliação internacional. São Paulo: Mercado de Letras, 2018.

BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

CARVALHO, L.M.; COSTA, E. Fabricando o espelho do perito: a construção de conhecimento pericial no mundo do PISA. In: CARVALHO, L.M. (Coord.). O espelho do perito: Inquéritos internacionais, conhecimento e política em educação – o caso do PISA. Portugal: Fundação Manuel Leão, 2011.

CARVALHO, L.M.. O espelho do perito: Inquéritos internacionais, conhecimento e política em educação – o caso do PISA. Portugal: Fundação Manuel Leão, 2011.

CARVALHO, L.M. Mútua vigilância organizada. Educação: Temas e Problemas, n. 12-13, p. 61-74, 2013.

CASTELLS, M. Ruptura: a crise da democracia liberal. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2018.

CURY, C.R.J. A globalização e os desafios para os sistemas nacionais: agenda internacional e práticas educacionais nacionais. RBPAE, v. 33, n. 1, p. 15/034, jan. /abr. 2017.

DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

ESTÊVÃO, C.A.V. Justiça complexa e educação: uma reflexão sobre a dialectologia da justiça em educação. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 64, p. 107-134, 2002. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/8672>. Acesso em: 26 jul. 2018.

FERNANDES, D. Avaliação das aprendizagens: uma agenda, muitos desafios. São Paulo: Texto Editora, 2004.

JAKOBI, T. Regulating regulation? The regulatory of the OCDE. Conference, exeter, jun. 2012

LEMOS, V.V. A influência da OCDE nas políticas públicas de educação em Portugal. Lisboa: Instituto Universitário de Lisboa, 2014.

MALLET, R. Do estado-nação ao espaço-mundo: as condições históricas da renovação da educação comparada. Educação e Sociedade. Campinas/SP, v. 25, n. 89, p. 1301-1332, 2004.

MOUTSIOS, S. The transnationalization of. Educacion policy-making: dominant institutions and policies. Saarbrucken, Germany, UDM, 2009.

NÓVOA, A. Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Educação e Pesquisa, São Paulo. v. 25, n. 01, p. 11-20, jan./jun. 1999.

SAHLBERG, P. Finnish lessons: what can the world learn from educational change in Finland? New York: Teachers College, 2011.

SANTOS, B.S. Do pós-moderno ao pós-colonial: e para além de um e outro. In: Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Anais do [...] ... Conferência de Aberta/Coimbra, 7, 2004.

SHIVA, V. Biodiversidade, direitos de propriedade intelectual e globalização. In: SANTOS, B.S. (Org.). Semear outras soluções: os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Porto: Afrontamento, 2004.

SOUSA, S.M.Z.L.; OLIVEIRA, R.P. Políticas de avaliação da educação e quase mercado no Brasil. Educação & Sociedade, Campinas/SP, v. 24, n. 84, p. 873-895, 2003.

VENTURA, A. Centralidade da avaliação na política educacional contemporânea. In: ANDRADE, E. Políticas Educacionais e Formação de Professores. Curitiba: Crv, 2016a.

VENTURA, A. Entrevista à InfoGeekie: a avaliação externa sob olhar de três especialistas. São Paulo, 12 de abril, 2016b. Disponível em: <http://info.geekie.com.br/avaliacaoexrterna-especialistas/>. Acesso em: 2 out. 2016.

VERGER, A.; PARCERISA, L.; FONTDEVILA, C. Crescimento e disseminação de avaliações em larga escala e de responsabilizações baseadas em testes: uma sociologia política das reformas educacionais globais. São Paulo: Ed. e Contemp., 2018.

Downloads

Publicado

2021-02-24

Como Citar

Sudbrack, E. M., & Ramos Fonseca, D. M. (2021). n. 02 - POLÍTICAS EDUCATIVAS E A AVALIAÇÃO: INFLEXÕES DO EXAME PISA. Jornal De Políticas Educacionais, 15. https://doi.org/10.5380/jpe.v15i0.77783

Edição

Seção

Artigos