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A criança migrante que trabalha nos EUA: correlações entre classe, educação e cultura

Soraya Franzoni Conde

Resumo


Este artigo discute o trabalho da criança na agricultura norte-americana a partir da problematização da cultura do trabalho como algo que educa e dignifica as crianças da classe trabalhadora migrante. É parte de pesquisa de pós-doutorado desenvolvida entre março de 2020 e fevereiro de 2021 no Graduate Center da City University of New York. A pesquisa foi realizada por meio da análise de relatórios da Human Rights Watch e de pesquisa de campo nos estados da Carolina do Norte e da Virginia durante a colheita de tabaco (julho/agosto, 2020). A análise foi realizada a partir do materialismo histórico-dialético (MARX, 2013; WILLIAMS, 1958; 1980) e do Posicionamento Ativista Transformador, desenvolvido por Stetsenko (2016; 2017; 2019) como um desdobramento da Teoria Histórico-Cultural e da filosofia da práxis. Denunciamos que a cultura do trabalho precoce não é uma característica inata, tampouco educativa ou dignificante, como liberais e conservadores afirmam. Decorre do contexto/classe social em que o ser humano está inserido e, portanto, das necessidades e formas de produção da existência. Nesse sentido, a cultura e a educação não são fixas/inertes/ inatas, mas surgem tanto dos contextos e das necessidades quanto de nossas agências e intencionalidades, que podem ser transformadoras e direcionadas contra toda exploração e opressão social que atinge crianças e adultos migrantes nessa sociedade.


Palavras-chave


migração, trabalho infantil, fumicultura, cultura, educação

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