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O espaço das desigualdades educativas em São Paulo e em Recife

Daniela Maria Ferreira, Graziela Serroni Perosa, Frédéric Lebaron

Resumo


Neste artigo nós apresentamos um estudo empírico sobre as clivagens sociais e educacionais Recife e São Paulo, cidades caracterizadas pela urbanização acelerada e configurações urbanas fortemente desiguais. Com base na noção de espaço social e, em dados estatísticos do último Censo Populacional (IBGE/ 2010), apresenta-se um estudo sobre o espaço das disparidades educacionais nas duas metrópoles. O objetivo foi testar a pertinência da noção de espaço social no contexto brasileiro, identificando de uma só vez, a distribuição dos grupos sociais e seus investimentos educativos. Argumenta-se que a noção de espaço social é capaz de integrar vários outros conceitos chaves da sociologia bourdiesiana. Mobilizamos um grande conjunto de variáveis capturadas simultaneamente, trazendo à tona as diferenças internas das duas metrópoles e entre as cidades. A originalidade do estudo reside em partir dessa gama ampla de indicadores objetivos, relativos às condições de vida, associando-o ao uso de indicadores suscetíveis de serem percebidos como “subjetivos”. Como esperado, o primeiro eixo corresponde a uma forte correlação entre longevidade, renda domiciliar e nível de escolaridade. O segundo eixo é o resultado da correlação entre a posse do diploma de ensino secundário e a presença de maior infraestrutura pública. Em Recife, esse segundo eixo concerne a alguns bairros da cidade. Em São Paulo observa-se a mesma correlação, contudo, com a particularidade de apresentar um conjunto muito maior de bairros em posições sociais intermediárias. Nota-se ainda que Recife possui um número muito maior de regiões em situação de extrema pobreza se comparado à São Paulo.

Palavras-chave


Pierre Bourdieu; espaço social; desigualdades educacionais brasileiras; Análise de Correspondências Múltiplas; sociologia da educação

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