Socialização acadêmica de estudantes em uma universidade pública de pesquisa: variações da experiência estudantil na relação com o capital cultural
Palavras-chave:
Socialização acadêmica, Educação superior, Estudantes, Capital culturalResumo
Este artigo explora quais fatores contribuem para a socialização acadêmica entre um grupo de possíveis componentes desse processo. A questão se coloca no contexto de ampliação e diversificação do público estudantil nas universidades públicas brasileiras para além de grupos sociais detentores de elevado capital cultural. Para analisar a socialização acadêmica de estudantes universitários, elaborou-se uma escala abrangendo itens relativos a: atividades acadêmicas priorizadas na experiência estudantil; valoração de aprendizados; e dificuldades expressas pelos estudantes. Também foram analisadas variáveis de contexto. Trata-se de um estudo exploratório, de abordagem quantitativa com análises descritivas, examinando comparações de média e correlações. Os dados analisados foram obtidos de 1.185 respostas a um survey aplicado no ano de 2021 entre estudantes de graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os resultados indicam socialização acadêmica mais intensa entre estudantes que participaram de programas acadêmicos extracurriculares. Convergindo com a literatura sociológica recente, há casos de alta socialização acadêmica relacionados a indicadores tradicionais de composição do capital cultural. Porém, verificou-se que outras experiências formativas disponíveis a estudantes de origens sociais menos favorecidas também repercutem em maior intensidade na socialização acadêmica, como é o caso de programas extracurriculares de iniciação à pesquisa, à extensão e à docência. A interpretação dos dados sugere que o investimento institucional em tais programas e no diálogo com formas variadas de capital cultural desenvolvidas pelos estudantes pode produzir um maior aproveitamento da experiência universitária.
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