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A pedagogia artística como normação da vida: tecnologias do eu e produção do génio musical em Portugal (final do século XIX a início do século XX)

Ana Luísa Paz, Jorge Ramos do Ó

Resumo


Esta discussão sobre educação e ensino musical português, entre finais do século XIX e inícios do século XX, uma época em que a procura das aprendizagens musicais foi rarefeita, procura introduzir a hipótese de uma leitura biopolítica a partir da tecnologia do génio. Esse conceito atravessou diversos ramos de ensino, embora através de diferentes modalidades – o que permite perguntar se a regulação artística das populações se daria por uma mesma tecnologia. A pergunta surge a partir da identificação dos diversos contextos educativos, práticas pedagógicas e incidências artísticas que parecem bifurcar o génio em nacional e individual. A educação musical (ensino primário, secundário e normal) foi incentivada pelo Estado através das práticas de canto coral, então também designado por canto escolar, e com possibilidade de abranger toda a população. Para a grande massa, agilizou-se a incorporação do génio nacional – com suas manifestações públicas de repertório musical, linguístico, emocional e corporal. O ensino musical especializado (conservatórios) dirigia-se, porém, a uma pequena parcela da população, a qual seria capacitada para a execução e criação musical. O incentivo do génio musical (individual) repercutiu uma produtividade global da rarefação das oportunidades, sendo possível identificar algumas destas técnicas a partir da pedagogia de instrumentos de grande procura, como o piano. Currículos e práticas escolares remetem, apesar desta diferenciação, para o génio como tecnologia unívoca, agilizada por diferentes técnicas pedagógicas de normação dos sujeitos.


Palavras-chave


ensino musical; canto coral; currículo, tecnologias do eu; génio

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