QUE TIPO DE SABER É O DIREITO? ENTRE A CIÊNCIA, A PRUDÊNCIA E A TÉCNICA

Autori

DOI:

https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v62i1.47451

Parole chiave:

Aristóteles. Epistemologia. Técnica jurídica. Ciência.

Abstract

A filosofia aristotélica divide os saberes, ou virtudes intelectuais, em cinco classes: as ciências, a sabedoria, a inteligência, as técnicas e a prudência. Neste artigo, busca-se explicar esses tipos de saberes e verificar em qual deles o direito seria mais bem classificado. A importância de tal estudo é que cada uma das virtudes intelectuais detém características próprias, que determinam a maneira de adquiri-las e desenvolvê-las, bem como quais são suas finalidades. Por isso, o modo como tratamos o direito depende diretamente de como definimos o seu estatuto epistemológico. A ciência e a sabedoria são virtudes intelectuais teóricas, com pretensões a alcançar o universal e necessário, enquanto a técnica e a prudência são práticas, voltadas para o individual e contingente. A prudência abrange as ações humanas responsáveis, influenciadas pelos apetites do agente, enquanto a técnica diz respeito ao produto de um fazer. Nesse quadro, o direito encaixa-se principalmente como uma técnica ou arte, pois seu objeto é a realidade humana concreta, com sua precariedade e contingência. Tal foi o entendimento dos juristas romanos e medievais, e segue defensável nos dias de hoje.

Biografia autore

Renato José de Moraes, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Professor substituto na Faculdade de Direito da UFRJ, no Departamento de Teoria do Direito. Possui graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1993), mestrado em Direito Civil pela Universidade de São Paulo (1999) e doutorado em Filosofia pela UFRJ (2015).

Riferimenti bibliografici

ABBÀ, Giuseppe. Felicità, vita buona e virtù: saggio di filosofia morale. 2. ed. Roma: LAS, 1995. 358 p.

ABBÀ, Giuseppe. Lex et virtus: studi sull’evoluzione della dottrina morale di San Tommaso d’Aquino. Roma: Fontana di Trevi Edizioni, 2010. 296 p.

ARISTÓTELES. Aristoteles graece: ex recensione Immanueles Bekkeri. Berolini: Academia Regia Borussica, 1831. volumen alterum. 676 p.

ARISTÓTELES. Metafísica: ensaio introdutório. Texto grego com tradução e comentário de Giovanni Reale. Tradução Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 2002. 696 p.

ARISTÓTELES. The complete works of Aristotle: The revised Oxford translation. Edited by BARNES, Jonathan. Princeton: Princeton University Press, 1991. t. 1: 1757 p.; t. 2: 1644 p.

AUBENQUE, Pierre. La prudencia en Aristóteles. Tradução María José Torres Gómez-Pallete. Barcelona: Crítica, 1999. 250 p.

BARZOTTO, Luis Fernando. O positivismo jurídico contemporâneo: uma introdução a Kelsen, Ross e Hart. São Leopoldo: Unisino, 1999. 152 p.

BERTI, Enrico. Aristóteles no século XX. Tradução Dion Davi Macedo. São Paulo: Loyola, 1997. 334 p.

BERTI, Enrico. Novos estudos aristotélicos III: filosofia prática. Tradução Élcio de Gusmão Verçosa Filho. São Paulo: Loyola, 2014. 334 p.

BOBBIO, Norberto. Teoria generale del diritto. Torino: Giappichelli, 1993. 298 p.

BROADIE, Sarah. Ethics with Aristotle. Oxford: Oxford University Press, 1991. 462 p.

CARBONNIER, Jean. Flexible droit: pour une sociologie du droit sans rigueur. 10. ed. Paris: LGDJ, 2001. 494 p.

DEVITT, Michael. Realism/Anti-realism. In: PSILLOS, Stathis; CURD, Martin (Ed.). The Routledge companion to philosophy of science. London: Routledge, 2008. p. 224-235.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 340 p.

FESER, Edward. Philosophy of mind: A beginner’s guide. Oxford: Oneworld, 2006. 268 p.

FINNIS, John. Philosophy of law: Collected essays, v. 4. Oxford: Oxford Press, 2011. 510 p.

GILSON, Etienne. The unity of philosophical experience. New York: Charles Scribner’s Sons, 1950. 334 p.

HEIDEGGER, Martin. The question concerning technology and other essays. Tradução e introdução William Lovitt. New York: Garland Publishing, 1977. 184 p.

HOLMES JR., Oliver Wendell. The path of law. Auckland: The floating press, 2009. 41 p.

IRWIN, Terence. Aristotle’s first principles. Oxford: Oxford University Press, 1988. 702 p.

KAUFMANN, Arthur. A problemática da filosofia do direito ao longo da história. In: KAUFMANN, Arthur; HASSEMER, Winfried (Org.). Introdução à filosofia do direito e à teoria do direito contemporâneas. Tradução Marcos Keel. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2002. p. 57-208.

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Tradução João Baptista Machado. 8. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. 428 p.

KINCAID, Harold. Social sciences. In: PSILLOS, Stathis; CURD, Martin (Ed.). The Routledge companion to philosophy of science. London: Routledge, 2008. p. 594-604.

KIRSTE, Stephan. Introdução à filosofia do direito. Tradução Paula Nasser. Belo Horizonte: Fórum, 2013. 200 p.

LARENZ, Karl. Metodologia da ciência do direito. Tradução José Lamego. 3. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1997. 728 p.

LEITER, Brian. American legal realism. In: GOLDING, Martin P.; EDMUNDSON, William A. The Blackwell guide to the philosophy of law and legal theory. Oxford: Blackwell, 2005. p. 50-66.

MACINTYRE, Alasdair. After virtue: A study in moral theory. 3. ed. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 2007. 288 p.

NEUMANN, Ulfrid. Teoria científica da ciência do direito. In: KAUFMANN, Arthur; HASSEMER, Winfried (Org.). Introdução à filosofia do direito e à teoria do direito contemporâneas. Tradução Marcos Keel. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2002. p. 463-480.

NIETZSCHE, Friedrich. The gay science. Tradução Walter Kaufmann. New York: Vintage Books, 1974. 398 p.

ORREGO SÁNCHEZ, Cristóbal. Analítica del derecho justo: la crisis del positivismo jurídico y la crítica del derecho natural. México: UNAM, 2005. 218 p.

OWENS, Joseph. Aristotle: The collected papers of Joseph Owens. Albany: State University of New York Press, 1981. 264 p.

PIEPER, Joseph. Leisure: The basis of culture. Tradução Alexander Dru. Introdução de T. S. Eliot. New York: New American Library, 1963. 128 p.

PIEPER, Joseph. The four cardinal virtues. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1966. 234 p.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. Atualizado por Otávio Luiz Rodrigues Júnior, Tilman Quarch, Jefferson Carús Guedes. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. t. 6. 830 p.

PORTIDES, Demetris. Models. In: PSILLOS, Stathis; CURD, Martin (Ed.). The Routledge companion to philosophy of science. London: Routledge, 2008. p. 385-395.

POSTEMA, Gerald J. Legal philosophy in the twentieth century: The common law world. New York: Springer, 2011. 618 p.

REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 750 p.

ROTHBARD, Murray. Making economic sense. Auburn: Ludwig von Mises Institute, 1995. 380 p.

SCHULZ, Fritz. History of Roman legal science. Oxford: Oxford University Press, 1946. 360 p.

SCHULZ, Fritz. Principles of Roman law. Oxford: Oxford University Press, 1936. 270 p.

SCHUMPETER, Joseph A. History of economic analysis. London: Routledge, 2006. 1284 p.

SHECAIRA, Fábio Perin. Legal Scholarship and the subject matter of jurisprudence. Archiv für Rechts- und Sozialphilosophie, Stuttgart, v. 101, n. 3, p. 411-427, 2015.

STRAUSS, Leo. Natural right and history. Chicago: The University of Chicago Press, 1992. 326 p.

TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. São Paulo: Loyola, 2001-2006. 9 v.

WIEACKER, Franz. História do direito privado moderno. Tradução A. M. Botelho Hespanha. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1980. 770 p.

Pubblicato

2017-05-29

Come citare

Moraes, R. J. de. (2017). QUE TIPO DE SABER É O DIREITO? ENTRE A CIÊNCIA, A PRUDÊNCIA E A TÉCNICA. Revista Da Faculdade De Direito UFPR, 62(1), 83 – 111. https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v62i1.47451

Fascicolo

Sezione

Artigos