O liberalismo econômico e as práticas de segurança: o “avesso” das democracias liberais
DOI:
https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v62i3.53720Schlagworte:
Liberalismo econômico. Segurança. Liberdade. Democracias liberais.Abstract
Este artigo tem por objetivo analisar alguns dos paradoxos relacionados ao liberalismo econômico e os discursos de segurança a ele subjacentes que, embora neguem os princípios basilares das democracias modernas, passam a fazer parte delas. Neste exame o principal eixo teórico será o pensamento de Foucault. Primeiramente será apontado que o liberalismo econômico, na análise foucaultiana, tem como premissa uma essência antropológica de ser humano, pois assume como ponto de partida que a liberdade só floresce na ausência de constrangimentos. Na medida em que esta premissa metafísica se impõe às instituições das democracias modernas, alguns desdobramentos se colocam. Surge a noção de que o papel das instituições democráticas é o de proporcionar liberdade. Entretanto, só pode haver liberdade se houver segurança. Assim, impõe-se um paradoxo: as democracias têm como telos a liberdade, mas a liberdade pressupõe medidas de segurança (na guerra ao terror, por exemplo) que negam tanto os preceitos democráticos quanto a própria liberdade.
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