Open Journal Systems

Critérios para seleção de legislação referencial em pesquisas de direito comparado

Paulo Gustavo Lima e Silva Rodrigues

Resumo


O direito comparado é amplamente utilizado como método de pesquisa na área jurídica, porém, apesar de sua popularidade acadêmica, ainda não há uma definição precisa de parâmetros metodológicos claros e sólidos para sua condução. Este trabalho aborda esse cenário, partindo da premissa de que uma pesquisa comparativa deve responder a três questões fundamentais: Por que comparar? O que comparar? Como comparar? O foco está na definição de critérios metodológicos coerentes para responder à segunda questão, ou seja, em que condições a escolha das legislações estrangeiras pode ser justificada. Conclui-se que essa escolha está diretamente relacionada à hipótese de trabalho estabelecida pelo pesquisador. O estudo destaca as principais finalidades do direito comparado, que vão desde o simples exame de leis estrangeiras até aprimoramentos de institutos internos por analogia, desenvolvimento de rigidez conceitual, unificação de sistemas e construção de teorias por inferência causal. Com base nessas finalidades, são apresentados critérios para seleção de referenciais comparativos, como máxima similitude, máxima diferença, caso representativo e caso mais difícil. A identificação e análise desses critérios visam promover uma evolução metodológica na utilização dessa técnica de pesquisa, aumentando a cientificidade das pretensões do pesquisador.

Palavras-chave


Direito comparado. Investigação em direito. Metodologia científica. Justificação de critérios. Seleção de casos.

Texto completo:

PDF

Referências


ALMEIDA, Carlos Ferreira de; CARVALHO, Jorge Morais. Introdução ao Direito Comparado. Lisboa: Almedina, 2018.

BARTOLE, Sergio. Comparative Constitutional Law – an Indispensable Tool for the Creation of Transnational Law. European Constitutional Law Review, [s. l.], v. 13, n. 4, p. 601-610, 2017. DOI: https://doi.org/10.1017/S1574019617000293.

CARDOSO, Gustavo Vitorino. O Direito Comparado na Jurisdição Constitucional. Revista Direito GV, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 469-492, 2010.

CONSTANTINESCO, Léontin-Jean. Traité de droit comparé. Tome I. Introduction au droit comparé. Paris: Librairie générale de droit et de jurisprudence, 1972.

CONSTANTINESCO, Léontin-Jean. Traité de droit comparé. Tome II. La méthode comparative. Paris: Librairie générale de droit et de jurisprudence, 1974.

EBERLE, Edward J. The Method and Role of Comparative Law. Washington University Global Studies Law Review, [s. l.], v. 8, n. 3, p. 451-486, 2009.

FRANKENBERG, Günter. Comparative constitutional law. In: BUSSANI, Mauro; MATTEI, Ugo (ed.). The Cambridge Companion to Comparative Law. Cambridge: Cambridge University Press, 2012. p. 171-190.

GRAZIADEI, Michele. Comparative Law as the Study of Transplants and Receptions. In: REIMANN, Mathias; ZIMMERMANN, Reinhard (ed.). The Oxford Handbook of Comparative Law. New York: Oxford University Press, 2006. p. 441-486.

GRAZIANO, Thomas Kadner. A Multilateral and Case-Oriented Approach to the Teaching and Studying of Comparative Law: A Proposal. European Review of Private Law, [s. l.], v. 23, n. 6, p. 927-944, 2015.

HAGE, Jaap. Comparative Law as Method and the Method of Comparative Law. In: ADAMS, Maurice; HEIRBAUT, Dirk (ed.). The Method and Culture of Comparative Law. Essays in Honour of Mark Van Hoecke. London: Hart Publishing, 2014.

HIRSCHL, Ran. The Question of Case Selection in Comparative Constitutional Law. The American Journal of Comparative Law, [s. l.], v. 53, n. 1, p. 125-155, 2005.

JALUZOT, Béatrice. Méthodologie du droit comparé: bilan et prospective. Revue internationale de droit compare, [s. l.], v. 1, p. 29-48, 2005.

LINOS, Katerina. How to select and develop international law case studies: lessons from comparative law and comparative politics. The American Journal of Comparative Law, [s. l.], v. 109, p. 475-485, 2015.

PARIS, Marie-Luce. The Comparative Method in Legal Research: The Art of Justifying Choices. In: CAHILLANE, Laura; SCHWEPPE, Jennifer (ed.). Legal Research Methods: Principles and Practicalities. Dublin: Clarus Press, 2016. p. 39-55.

PESSOA, Flávia Moreira Guimarães. Manual de metodologia do trabalho científico: como fazer uma pesquisa de direito comparado. Aracaju: Evocati, 2009.

PIZZORUSSO, Alessandro. Curso de Derecho Comparado. Barcelona: Ariel, 1987.

POÇAS, Luís. Manual de Investigação em Direito: Metodologia da Preparação de Teses e Artigos Jurídicos. Lisboa: Almedina, 2020.

REIMANN, Mathias. The Progress and Failure of Comparative Law in the Second Half of the Twentieth Century. The American Journal of Comparative Law, [s. l.], v. 50, n. 4, p. 671-700, 2002.

SACCO, Rodolfo. La Comparaison Juridique au Service de la Connaissance du Droit. Paris: Economica, 1991.

TUSHNET, Mark. The Boundaries of Comparative Law. European Constitutional Law Review, [s. l.], v. 13, n. 1, p. 13-22, March 2017. DOI: https://doi.org/10.1017/S1574019616000420.

VICENTE, Dário Moura. Direito Comparado. Lisboa: Almedina, 2014. v. 1.

ZIMMERMANN, Reinhard. Comparative Law and the Europeanization of Private Law. In: REIMANN, Mathias; ZIMMERMANN, Reinhard (ed.). The Oxford Handbook of Comparative Law. New York: Oxford University Press, 2006. p. 539-578.

ZWEIGERT, Konrad; KÖTZ, Hein. An Introduction to Comparative Law. Oxford: Clarendon Press, 2011.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rfdufpr.v68i3.92567