Open Journal Systems

Governança regulatória: uma proposta à luz do setor de saneamento básico brasileiro

Natália Resende Andrade Ávila, Egon Bockmann Moreira, Oscar de Moraes Cordeiro Netto

Resumo


O presente artigo tem como escopo principal analisar o setor de saneamento básico sob uma ótica regulatória e de governança e propor uma concepção de governança regulatória, considerando os conceitos e entendimentos que a circundam. Pretende-se, assim, trazer contribuições a partir da revisão bibliográfica sobre o setor de saneamento básico, regulação, governança e governança regulatória, e, ainda, ao incitar reflexões para a melhoria das práticas de governança regulatória, haja vista a mencionada proposta. Nesse sentido, buscou-se, utilizando-se da metodologia descritiva, primeiramente, estudar o ambiente de regulação e governança do setor de saneamento básico, sob uma perspectiva internacional e também do cenário brasileiro. Após, exploraram-se os conceitos e entendimentos acerca da regulação e de governança, desde as definições tradicionais até as acepções mais modernas, propondo-se, ao fim, uma concepção de governança regulatória. Observa-se uma tendência e a necessidade de se investir esforços teórico-práticos para o aprimoramento da governança regulatória, o que perpassa a compreensão do ambiente do setor, as definições de regulação, governança e a própria concepção do que seria governança regulatória.

Palavras-chave


Regulação. Governança. Governança regulatória. Setor de saneamento básico brasileiro. Novo marco do saneamento básico.

Texto completo:

PDF

Referências


ABELSON, H.; SUSSMAN, G. J. Lisp: a language for stratified design. Massachusetts Institute of Technology Artificial Intelligence Laboratory, [s. l.], p. 207-218, ago. 1987. Disponível em: https://tinyurl.com/3ek3m5se. Acesso em: 1 out. 2022.

ARAGÃO, A. S. de. Agências reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

BALDWIN, R.; CAVE, M.; LODGE, M. Understanding regulation: theory, strategy and practice. 2. ed. New York: Oxford University Press, 2013.

BENTLEY, J. Programming pearls: little languages. Communications of the ACM, [s. l.], v. 29, n. 8, ago. 1986. Disponível em: https://tinyurl.com/bdur33zf. Acesso em: 1 out. 2022.

BERG, S. V. Best practices in regulating State-owned and municipal water utilities. ECLAC – Project Documents Collection. Santiago: United Nations, 2013. Disponível em: https://tinyurl.com/4xjm794p. Acesso em: 7 ago. 2022.

BLACK, J. Critical reflection on regulation. Australian Journal of Legal Philosophy, Camberra, v. 27, p. 1-36, 2002.

BLACK, J.; BALDWIN, R. Really responsive risk-based regulation. Law & Policy, [s. l.], v. 32, n. 2, p. 181-213, abr. 2010.

BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Guia da política de governança pública. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 2018.

BRASIL. SNIS. Diagnóstico Temático. Serviços de Água e Esgoto. Visão Geral: ano de referência 2020. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Regional, 2021. Disponível em: https://tinyurl.com/4fpre2bz. Acesso em: 11 jun. 2022.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança aplicável a órgãos e entidades da administração pública. Versão 2. Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, 2014.

CAPELARI, M. G. M.; CALMON, P. C. D. P.; ARAÚJO, S. M. V. G. de. Vincent e Elinor Ostrom: duas confluentes trajetórias para a governança de recursos de propriedade comum. Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. XX, n. 1, p. 207-226, jan./mar. 2017. Disponível em: https://tinyurl.com/42dbuytf. Acesso em: 1 out. 2022.

CARVALHO, B. E. de; MARQUES, R. C.; CORDEIRO NETTO, O. de M. Regulatory Impact Assessment (RIA): from the State of Art until Conceptual and Framework Proposal Model. Journal of Contemporary Management, [s. l.], v. 6, n. 1, p. 111-126, 2017.

COGLIANESE, C.; MENDELSON, E. Meta-Regulation and Self-Regulation. Pennsylvania: Institute for Law & Economics, Penn Law School Public Law and Legal Theory, 2010.

CREW, M. A.; PARKER, D. International Handbook on Economic Regulation. Cheltenham: Edward Elgar Publishing, 2006.

CUÉLLAR, L. As agências reguladoras e seu poder normativo. São Paulo: Dialética, 2001.

EHRHARDT, D.; JANSON, N. Can regulation improve the performance of government-controlled water utilities? Water Policy, [s. l.], v. 12, p. 23-40, 2010.

EISENDRATH, A. Private communication. United States Agency for International Development (USAID), 2012.

EISENDRATH, A. Water Utility Corporatization. United States Agency for International Development (USAID), 2013.

FIANI, R. Teoria da regulação econômica: estado atual e perspectivas futuras. Rio de Janeiro: UFRJ-IE, 1998.

GALLACCI, F. B. Reflexão acerca das disputas jurídicas envolvendo o setor de saneamento brasileiro. Revista de Direito Administrativo Contemporâneo – REDAC, São Paulo, v. 3, n. 21, p. 95-118, nov./dez. 2015.

GÓMEZ-IBÁNEZ, J. Regulating Infrastructure. Monopoly, Contracts, and Discretion. Cambridge: Harvard University Press, 2003.

GRAHAM, J.; AMOS, B.; PLUMPTRE, T. Governance principles for protected areas in the 21th century. Prepared for The Fifth World Parks Congress Durban, South Africa. Ottawa: Institute on Governance (IOG), 2003. Disponível em: https://tinyurl.com/mvjhcktz. Acesso em: 1 out. 2022.

HINKEL, J.; BOTS, P. W. G.; SCHLÜTER, Maja. Enhancing the Ostrom social-ecological system framework through formalization. Ecology and Society: a journal of integrative science for resilience and sustainability, [s. l.], v. 19, n. 3, 2014.

HUDAK, P. Modular domain specific languages and tools. Proceedings of the Fifth International Conference on Software Reuse, IEEE, Bangalore, India, p. 134-142, 1998.

JHA, A. K. Institutions, Performance, and the Financing of Infrastructure Services in the Caribbean. Washington, D.C: World Bank, 2005.

JORDANA, J.; Levi-Faur, D. (ed.). The politics of regulation: institutions and regulatory reforms for the age of governance. Cheltenham: Edward Elgar Publishing, 2004.

JUSTEN FILHO, M. O direito das agências reguladoras independentes. São Paulo: Dialética, 2002.

LODGE, M.; WEGRICH, K. High Quality Regulation: its popularity, its tools and its future. Public Money & Management, [s. l.], v. 29, n. 3, p. 145-152, 2009.

LODGE, M.; WEGRICH, K.; MCELROY, G. Gammelfleisch Everywhere? Public Debate, Variety of Worldviews and Regulatory Change. CARR Discussion Paper NO: 49, Centre for analysis of risk and regulation, London School of Economics and Political Science, 2008.

MARCATO, F. S. Uma nova ordem para o saneamento em regiões metropolitanas. In: 3º Encontro de Saneamento Básico, FIESP, 2013. Disponível em: https://tinyurl.com/4yvp7xva. Acesso em: 19 ago. 2020.

MARQUES NETO, F. P. de A. Agências reguladoras independentes: fundamentos e seu regime jurídico. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2009.

MATTOS, P. et al. Regulação Econômica e Democracia. O Debate Norte-Americano. Núcleo Direito e Democracia/CEBRAP. São Paulo: Editora 34, 2004.

MCGINNIS, M. D.; OSTROM, E. Reflections on Vincent Ostrom, Public Administration, and Polycentricity. Public Administration Review, [s. l.], v. 72, n. 1, p. 15-25, 2011.

MOREIRA, E. B.; CAGGIANO, H. C.; GOMES, G. J. O novo marco legal do saneamento básico (Os pontos mais importantes da Medida Provisória nº 844/2018). Revista de Direito Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, n. 63, p. 89-116, jul./set. 2018.

MORGAN, B.; KAREN, Y. An Introduction to Law and Regulation. New York: Cambridge University Press, 2007.

OLIVEIRA, R. C. R. Análise de impacto regulatório e pragmatismo jurídico: levando as consequências regulatórias a sério. Revista Digital de Direito Administrativo, [s. l.], v. 8, n. 2, p. 136-152, 2021. Disponível em: https://tinyurl.com/28khzsvb. Acesso em: 1 out. 2022.

ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD). Evaluating laws and regulations: the case of the Chilean chamber of deputies. Paris: OECD Publishing, 2012.

ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD). Organization For Economic Co-operation and Development. Regulatory Impact Assessment: best practices in OECD countries. Paris: OECD Publishing, 1997.

OSTROM, E. Background on the Institutional Analysis and Development Framework. Policy Studies Journal, Oxford, v. 39, n. 1, p. 7-27, 2011.

OSTROM, E. Understanding Institutional Diversity. Princeton: Princeton University Press, 2005.

RESENDE, N.; COHEN, I.; MARCATO, F. Gestão Associada da Prestação dos Serviços – o que muda com o Novo Marco Legal do Saneamento? In: DAL POZZO, Augusto N. (coord.). O Novo Marco Regulatório do Saneamento Básico. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. p. 187-200.

SELZNICK, P. Focusing Organizational Research on Regulation. In: NOLL, R. (ed.). Regulatory Policy and the Social Sciences. Berkeley: University of California Press, 1985. p. 363-364.

SILVA, D. A. V. S. Monitoramento para avaliação das políticas regulatórias do Inmetro: proposição de uma sistemática em direção à implantação assistida orientada por resultados. 2014. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

SILVA, D. A. V. S.; FONSECA, M. V. de A. Monitoramento para avaliação do desempenho regulatório do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Revista Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n. 2, p. 447-472, mar./abr. 2015.

SILVA, G. H. T. da. A Análise de Impacto Regulatório na Anvisa: Uma Estratégia de Governança e Melhoria da Qualidade Regulatória. In: PROENÇA, J. D.; PAULO, C. B. de. Experiências Exitosas em Regulação na América Latina e Caribe. Brasília: Presidência da República, 2012. p. 15-51.

TAHLER, R. H; SUNSTEIN, R. C. Nudge. Como tomar melhores decisões sobre saúde, dinheiro e felicidade. Trad. A. Lessa. São Paulo: Objetiva, 2019.

UNITED NATIONS. The Millennium Development Goals Report. New York: United Nations, 2015.

VAGLIASINDI, M. Governance Arrangements for State Owned Enterprises. Policy Research Working Paper 4542, The World Bank Sustainable Development Network, 2008.

WORLD BANK. World Development Report 2017: governance and the law. Washington: The World Bank, 2017. Disponível em: https://tinyurl.com/w9cyhexa. Acesso em: 7 ago. 2022.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rfdufpr.v68i2.87743