Open Journal Systems

Materialismo e interpretação judicial: algumas questões para a teoria do direito

Leonardo Monteiro Crespo de Almeida

Resumo


O presente artigo tem como principal proposta suscitar algumas indagações referentes à interpretação judicial desde uma perspectiva filosoficamente materialista. Um dos eixos da argumentação estabelecida neste trabalho consiste em pontuar, no tocante à interpretação judicial, uma excessiva preocupação com a linguagem por parte da teoria do direito, em detrimento do que este trabalho denomina realidade material, ou domínio não discursivo. O artigo busca reforçar, em vez de excluir, a distinção foucaultiana entre o discursivo e o não discursivo, para com isso propor uma abordagem da interpretação judicial devidamente contextualizada e enraizada nas práticas jurídicas concretas. Desse modo, almeja suscitar reflexões teóricas acerca do grau de intervenção que as teorias sobre as práticas jurídicas – entre elas a interpretação – possuem na transformação das instituições e relações sociais, a exemplo da efetivação dos direitos fundamentais. Recorre-se principalmente ao trabalho de Manuel DeLanda, com o intuito de delimitar um conjunto de conceitos que permitam pensar uma concepção de interpretação judicial que leve em consideração a materialidade dos fenômenos sociais (o não discursivo).

Palavras-chave


Materialismo. Interpretação judicial. Manuel DeLanda. Discurso.

Texto completo:

PDF

Referências


DELANDA, M. A New Philosophy of Society: Assemblage Theory and Social Complexity. London: Continuum Press, 2006.

DELANDA, M. Deleuze, Materialism and Politics. In: BUCHANAN, I.; THOBURN, N. (ed.). Deleuze and Politics. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2008. p. 160-177.

DELEUZE, G. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 2005.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia. v. 1. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia. v. 2. Petrópolis: Editora 34, 2002.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia. v. 3. Rio de Janeiro: Editora 34, 2004.

FERRAZ JUNIOR, T. S.; BORGES, G. R. A superação do direito como norma: uma revisão descolonial da teoria do direito brasileiro. São Paulo: Almedina, 2020.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: O Nascimento da Prisão. Petrópolis: Vozes, 1987.

GLYNOS, J.; HOWARTH, D. Logics of Critical Explanation in Social and Political Theory. London: Routledge, 2007.

GÓMEZ, V. Z. De la jurisprudencia a la legislación. Doxa: Cuadernos de Filosofía del Derecho, [s. l.], v. 15-16, p. 769-789, 1994.

HABA, E. P. La opción capital para los discursos jurídicos: ¿novelas de conceptos o una tecnología social? Doxa: Cuadernos de Filosofía del Derecho, [s. l.], v. 36, p. 509-550, 2013.

KENNEDY, D. The Hermeneutic of Suspicion in Contemporary American Legal Thought. Law and Critique, [s. l.], v. 25, n. 2, p. 91-139, 2014.

MACLEAN, J. Rethinking Law as Process: Creativity, Novelty, Change. London: Routledge, 2012b.

MACLEAN, J. Rhizomatics, the Becoming of Law, and Legal Institutions. In: DE SUTTER, L.; MCGEE, K. (ed.). Deleuze and Law. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2012a. p. 151-168.

MOOTZ III, F. J. (ed.). Gadamer and Law. London: Routledge, 2017.

PASCUA, J. A. R. Lagunas del Derecho y positivismo jurídico. Un examen de la concepción de las lagunas de C. Alchourrón y E. Bulygin. Doxa: Cuadernos de Filosofía del Derecho, [s. l.], v. 40, p. 49-68, 2017.

SCHUILENBURG, M. Institutions and Interactions: On the Problem of the Molecular and Molar. In: DE SUTTER, L.; MCGEE, K. (ed.). Deleuze and Law. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2012. p. 111-131.

VILLA, V. Constuctivismo y teoría del Derecho. Doxa: Cuadernos de Filosofía del Derecho, [s. l.], v. 22, p. 285-302, 1999.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rfdufpr.v66i2.68440