Exposição à morte e biopolítica: uma abordagem a partir do racismo de Estado e do paradigma imunitário
DOI:
https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v63i1.55306Palavras-chave:
Biopolítica. Exposição à morte. Racismo de Estado. Paradigma imunitário.Resumo
A discussão aqui proposta pretende analisar a produção da morte e a exposição à morte por meio das lentes fornecidas pela biopolítica e não sob o viés jurídico-político tradicional. Busca-se, pelo uso de metodologia analítica, problematizar que uma devida tematização da morte requer o deslocamento nos modos de se pensar vida/morte como fenômenos meramente jurídicos para pensá-los como efeitos de relações de poder pertencentes a uma lógica da modernidade política. A partir da noção de Racismo de Estado de Michel Foucault e do Paradigma Imunitário de Roberto Esposito, a produção da morte é colocada dentro do problema de como a biopolítica se converte em tanatopolítica. Ambos os autores permitem conceber na biopolítica moderna um circuito entre proteção e negação da vida, que se desdobra por uma cisão valorativa entre tipos de vida acobertados pela proteção e outras enviadas para a produção da morte. O que se busca com essa análise é a ampliação do debate sobre a relação vida e morte no cenário político contemporâneo, pela proposição de um desvio das análises pautadas apenas no critério da (i)legalidade de promover a morte. A intenção é a de questionar como, dentro dos próprios moldes de funcionamento de uma moderna política da vida, a produção da morte é chamada a participar. Trata-se de perceber como a semântica da biopolítica permite acessar um funcionamento de proteção da vida e produção da morte operante, à revelia da tonalidade humanista e do valor da vida humana assumida pelos modernos discursos jurídicos e políticos. A atenção a essa lógica de poder atuante na modernidade e seus mecanismos de funcionamento que produzem ordenação hierarquizada da vida e exposição à morte é o que se busca, minimamente, com esta análise.
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