OS CONTEXTOS INTERAMERICANO E EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: UMA BREVE ANÁLISE COMPARATIVA DAS DECISÕES DAS CORTES REGIONAIS
Resumo
Os sistemas regionais de proteção aos direitos humanos inserem-se em complexo mecanismo protetivo composto também por mecanismos nacionais e globais. Uma das importantes vantagens dos sistemas regionais em comparação com instrumentos globais de proteção aos direitos humanos reside na menor dificuldade daqueles sistemas em firmar consensos sobre esses direitos. Inegavelmente, os sistemas interamericano e europeu são os mais estruturados e desenvolvidos, sendo objeto de análise específica neste trabalho. Após uma reflexão sobre a construção do Direito Internacional dos Direito Humanos e o Sistema Interamericano de Direitos Humanos, apresentam-se os dados de pesquisa empírica sobre as decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos no período de 2006 a 2012. Posteriormente, realiza-se uma comparação com os julgamentos produzidos pela Corte Europeia de Direitos Humanos no período de 2009 a 2015. É importante registrar que este artigo utiliza, além de literatura especializada, uma forte análise comparativa entre os sistemas americano e europeu de direitos humanos e, em especial, técnicas de estudos legais empíricos com um grande número (Large-N) de dados. A hipótese a ser testada consiste na afirmação de que os sistemas americano e europeu possuem muitas peculiaridades por circunstâncias culturais, legais e históricas, mas um estudo comparativo desses sistemas é relevante para compreender alguns problemas comuns e para analisar diferentes formas de realizar a proteção dos direitos humanos. Como será demonstrado no artigo, a hipótese é verdadeira porque, por exemplo, o número de processos é muito diverso, mas ambos os sistemas têm fortes problemas para fazer cumprir adequadamente suas decisões.
Palavras-chave
Texto completo:
PDF (English)Referências
APPIAH, Kwame Anthony. Cosmopolitanism: ethics in a world of strangers. New York: W.W. Norton & Company, 2006.
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
BOGDANDY, Armin von; PIOVESAN, Flávia; ANTONIAZZI, Mariela Morales (Coord.). Estudos avançados em direitos humanos: democracia e integração jurídica: emergência de um novo direito público. São Paulo: Campus, 2012.
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. O Legado da Declaração Universal e o futuro da proteção internacional dos direitos humanos. In: AMARAL JUNIOR, Alberto; PERRONE-MOISÉS, Claudia (Org.). O cinquentenário da Declaração Universal dos Direitos do Homem. São Paulo: Edusp, 1998.
______. The Inter-American System of Protection of Human Rights (1948-2005): evolution, present state and perspectives. In: Apostila do curso fundamental em inglês do Instituto Internacional dos Direitos do Homem, sessão de 4-29 de julho de 2005.
ESQUIVEL, Efrén Vázquez; SORDO, Jaime Fernando Cienfuegos. El diálogo judicial como diálogo hermenéutico: perspectivas de los derechos humanos en el diálogo de las altas cortes y la jurisdicción interna. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 61, n. 1, p. 9-41, 2016. Available from: https://goo.gl/oRQDHk [Accessed: June 2016].
GARAPON, Antoine; ALLARD, Julie. Judges in globalization: the new revolution of law. Lisboa: Instituto Piaget, 2005.
HENKIN, Louis. International law: politics values and functions. In: STEINER, Henry J.; ALSTON, Philip. International human rights in context. 2nd ed. Oxford: Oxford University Press, 2000.
HIRSCHL, Ran. The rise of comparative constitutional law: thoughts on substance and method. Indian Journal of Constitutional Law, p. 11-38, 2008.
INTER-AMERICAN COMISSION OF HUMAN RIGHTS. Statistics. Available from: https://goo.gl/8CSqBE [Accessed: Apr. 2016].
LAFER, Celso. A reconstrução histórica dos direitos humanos. São Paulo: Cia das Letras, 1998.
______. Comércio, desarmamento e direitos humanos: reflexões sobre uma experiência diplomática. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
MERRILLS, J. G. The Council of Europe (I): The European Convention on Human Rights. In: HANSKI, Raija; SUKSI, Markku. An Introduction to the International Protection of Human Rights. 2nd ed. Turku: Institute for Human Rights, Åbo Akademi University, 2004.
PÉREZ, Jorge Rodrigues-Zapata. The dynamic effect of the case-law of the European Court of Human Rights and the role of the constitutional courts. In: EUROPEAN COURT OF HUMAN RIGHTS. Dialogues between judges. Strasbourg: Council of Europe, 2007. Available from: https://goo.gl/nWxakh [Accessed: June 2012].
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e justiça internacional. São Paulo: Saraiva, 2006.
______. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
______. Proteção dos direitos humanos: uma análise comparativa dos sistemas regionais europeu e interamericano. [In the press]
RAMOS, André de Carvalho. Processo internacional de direitos humanos. 4. ed. Saraiva: São Paulo, 2015.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. In: _____. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
WILT, Harmen van der; KRSTICEVIC, Viviana. The OAS System and Human Rights. In: HANSKI, Raija; SUKSI, Markku. An introduction to the international protection of human rights. 2nd ed. Turku: Institute for Human Rights, Åbo Akademi University, 2004.
DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rfdufpr.v61i3.48742