MÁQUINA DE MOER GENTE: O PROBLEMA DA RELAÇÃO AMBÍGUA ENTRE DIREITO E VIOLÊNCIA

Autores

  • José Antonio Rego Magalhães Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Juliana Neuenschwander Magalhães Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v61i3.47476

Palavras-chave:

Jacques Derrida. Walter Benjamin. Violência. Autos de resistência.

Resumo

O objetivo deste artigo é expor, a partir principalmente da obra de Walter Benjamin e de Jacques Derrida, uma certa ambiguidade na relação entre os conceitos de direito e de violência, e colocá-la como problema, ainda que a solução desse problema não esteja no escopo deste artigo, precisando ser tratada alhures. Em primeiro lugar, apresentaremos o conceito de violência como problemático, distinguindo-o de outros como poder e força. Com base em Benjamin, apresentaremos a distinção entre meios e fins conforme pensada pelo positivismo e pelo jusnaturalismo, bem como a distinção estabelecida pelo autor entre a violência instituinte e a violência mantenedora do direito. Exemplificaremos essas questões mediante uma breve discussão da instituição policial e do instituto dos “autos de resistência”. A seguir, exporemos as razões pelas quais Benjamin acaba por condenar o poder jurídico, reconhecendo nele uma circularidade viciosa, a partir da qual esse poder se mostra como uma manifestação imediata da violência, que o autor chama de violência “mítica”. Terminaremos com uma breve sugestão quanto à possibilidade de pensar-se uma solução para o problema apresentado.

Biografia do Autor

José Antonio Rego Magalhães, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestre pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (Rio de Janeiro, RJ, Brasil). E-mail: jamagalhaes22@gmail.com

Juliana Neuenschwander Magalhães, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade de Salento, Itália. Professora Associada na UFRJ. Pesquisadora 1D no CNPq (Rio de Janeiro, RJ, Brasil). E-mail: jneuewander@yahoo.com.br

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004.

______. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.

ARENDT, Hannah. On Violence. New York: Harvest/HBJ, 1970.

BENJAMIN, Walter. Escritos sobre mito e linguagem. São Paulo: Editora 34, 2011.

BUTLER, Judith. CONFERÊNCIA MAGNA COM JUDITH BUTLER | 9/9 [2015] das 16h às 18h | I Seminário Queer [original]. Disponível em: https://goo.gl/DTVU3H. Acesso em: 5 fev. 2016.

______. Critique, Coersion and Sacred Life in Benjamin’s “Critique of Violence”. In: DE VRIES, Hent (Ed.). Political Theologies: Public Religions in a Post-Secular World. New York: Fordham University Press, 2006.

DERRIDA, Jacques. De la Grammatologie. Paris: Éditions de Minuit, 1967a.

______. Force de Loi: Le “fondement mystique de l’autorité”. Paris: Galilée, 2005.

______. L’écriture et la Différence. Paris: Éditions du Seuil, 1967b.

______. Marges de la Philosophie. Paris: Éditions de Minuit, 1972.

______. Préjugés: Devant la loi. In: DERRIDA, Jacques et al. La Faculté de Juger. Paris: Éditions de Minuit, 1985.

DUARTE, Pedro. Violência na mudança e mudança na violência. In: NOVAES, Adauto (Org.). Mutações: fontes passionais da violência. São Paulo: Sesc, 2015, p. 59-78.

DWORKIN, Ronald. Taking Rights Seriously. Cambridge: Harvard University Press, 1978.

FERREIRA, Natália Damazio Pinto. Testemunhas do esquecimento: uma análise do auto de resistência a partir do estado de exceção e da vida nua. 2013. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

GAGNEBIN, Jeanne-Marie. Apresentação. In: BENJAMIN, Walter. Escritos sobre mito e linguagem. São Paulo: Editora 34, 2011.

GOHN, Maria da Glória. Manifestações de junho de 2013 no Brasil e as praças dos indignados no Mundo. Petrópolis: Vozes, 2014.

GROS, Frédéric. A ética da obediência. In: NOVAES, Adauto (Org.). Mutações: fontes passionais da violência. São Paulo: Sesc, 2015, p. 221-236.

HART, H. L. A. The Concept of Law. Oxford: Clarendon Press, 1994.

KAHN, Tulio. A segurança pública e as manifestações de junho de 2013. In: FIGUEIREDO, Rubens (Org.). Junho de 2013: a sociedade enfrenta o Estado. São Paulo: Summus, 2014, p. 115-132.

KEHL, Maria Rita. Violência do pai, violência dos irmãos. In: NOVAES, Adauto (Org.). Mutações: fontes passionais da violência. São Paulo: Sesc, 2015, p. 371-386.

LAPOUJADE, David. Fundar a violência: uma mitologia? In: NOVAES, Adauto (Org.). Mutações: fontes passionais da violência. São Paulo: Sesc, 2015, p. 79-94.

MATOS, Olgária. A Guerra de Troia não acontecerá: pathos antigo e tecnologia moderna. In: NOVAES, Adauto (Org.). Mutações: fontes passionais da violência. São Paulo: Sesc, 2015, p. 237-270.

PELLEGRINI, Marcelo. Violência: Brasil mata 82 jovens por dia. Carta Capital. Santana do Parnaíba, 4/12/2014. Disponível em: https://goo.gl/A4dvvA. Acesso em: 5 abr. 2016.

ROSSI, Marina. Ocupação de 182 escolas em SP vira teste de resistência de Alckmin. El País. 28 nov. 2015. Disponível em: https://goo.gl/Yc4YZF. Acesso em: 5 fev. 2016.

ŽIŽEK, Slavoj. Violence: Six sideways reflections. New York: Picador, 2008.

Downloads

Publicado

2016-12-16

Como Citar

Magalhães, J. A. R., & Magalhães, J. N. (2016). MÁQUINA DE MOER GENTE: O PROBLEMA DA RELAÇÃO AMBÍGUA ENTRE DIREITO E VIOLÊNCIA. Revista Da Faculdade De Direito UFPR, 61(3), 299 – 321. https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v61i3.47476

Edição

Seção

Artigos