GARANTISMO À BRASILEIRA: UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Autores

  • Oswaldo Poll Costa
  • Francisco Quintanilha Veras Neto Universidade Federal do Rio Grande - FURG

DOI:

https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v61i3.46467

Palavras-chave:

Garantismo. Estigma. Desigualdade social.

Resumo

Este ensaio busca demonstrar, por meio de pesquisa bibliográfica e de análise jurisprudencial, que o garantismo penal segue uma linha de teorias que foram importadas pelos pensadores nacionais, mas que aqui adquiriram um novo significado, colaborando – diferentemente do que vaticinam em tese – mais para a conservação das estruturas fundamentais de nossa sociedade do que para a sua transformação. Não é feita, portanto, uma crítica aos princípios do garantismo penal, mas sim uma análise de como esses princípios vêm sendo utilizados no Brasil. Conclui-se, assim, que quando as garantias constitucionais não são uniformemente asseguradas a todos, elas perdem o seu caráter de garantias, funcionando como uma espécie de privilégio, do qual só gozam com segurança aqueles indivíduos com condições financeiras para custear uma defesa consistente em uma eventual ação penal. Desse modo, o estigma social deixado pelo cárcere acaba recaindo majoritariamente sobre indivíduos pertencentes às camadas mais pobres da população, diminuindo radicalmente qualquer chance de ascensão social dessas pessoas, bem como do grupo social que as rodeia, colaborando, assim, para a manutenção da desigualdade social.

Biografia do Autor

Oswaldo Poll Costa

Pós-graduado em Direito Público pela Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul. Graduado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande. Graduado em História pela Universidade Federal do Rio Grande. Procurador do Estado do Rio Grande do Sul (Rio Grande, RS, Brasil). E-mail: oswaldopoll@gmail.com

Francisco Quintanilha Veras Neto, Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Pós-Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Doutor em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Direito das Instituições Jurídico-Políticas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor no Programa de Pós-graduação em Direito e Justiça Social da Universidade Federal do Rio Grande (FADIR) (Rio Grande, RS, Brasil). E-mail: quintaveras@gmail.com

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Publicado

16-12-2016

Como Citar

Costa, O. P., & Veras Neto, F. Q. (2016). GARANTISMO À BRASILEIRA: UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. Revista Da Faculdade De Direito UFPR, 61(3), 165 – 187. https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v61i3.46467

Edição

Seção

Artigos