Capitalismo de Vigilância e o Facebook
Coleta de dados dos usuários e o papel das redes sociais na eleição presidencial estadunidense de 2016
DOI:
https://doi.org/10.5380/cg.v14i3.100005Palavras-chave:
Capitalismo de Vigiância, Facebook, Fake News, EleiçõesResumo
As redes sociais digitais têm transformado a comunicação política contemporânea, especialmente por operarem sob a lógica do capitalismo de vigilância, isto é, um modelo econômico baseado na coleta e comercialização de dados pessoais. Este artigo analisa o papel do Facebook na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016, com foco na campanha de Donald Trump. O objetivo é investigar como a plataforma, inserida nesse modelo, pode ter influenciado o comportamento eleitoral dos usuários por meio de algoritmos, segmentação psicométrica e disseminação de desinformação. Desse modo, a metodologia combina revisão bibliográfica e documental e examina o uso de dados, por parte da Cambridge Analytica, o emprego de fake news e dark posts e a formação de câmaras de eco que reforçaram convicções políticas pré-existentes nos usuários. Os resultados mostram que o Facebook pode ter contribuído para a polarização política desses, oferecendo conteúdo personalizado que limitou o acesso a informações divergentes. Além disso, a pesquisa evidencia como o capitalismo de vigilância ultrapassa o âmbito econômico, afetando também a comunicação política e a integridade democrática. Destaca-se, assim, a importância de se discutir regulação digital e formas de combater a disseminação de conteúdos inapropriados em ambientes democráticos.
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