ACHADOS ANATOMOPATOLÓGICOS DE RAQUITISMO EM PERIQUITO AUSTRALIANO (Melopsittacus undulatus): RELATO DE CASO
DOI:
https://doi.org/10.5380/avs.v15i5.76094Keywords:
ave, fratura, osteopenia, rosário raquíticoAbstract
O raquitismo é uma enfermidade caracterizada por falha na mineralização da placa epifisária de crescimento, e tem como causa a deficiência de vitamina D e/ou desbalanceamento de cálcio e fósforo. As deficiências podem estar correlacionadas com problemas genéticos, síndrome da má absorção, nefropatias, dieta mal balanceada ou falta de exposição apropriada à luz ultravioleta. Acomete aves jovens ainda em fase de crescimento e desenvolvimento ósseo, e as principais manifestações clínicas incluem fraturas tipo galho verde, dificuldade de se manter em estação e deformidade óssea, sobretudo em ossos longos, ranfoteca, caixa torácica e coluna vertebral (CUBAS e GODOY, 2004). O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de raquitismo em Melopsittacus undulatus. Foi encaminhado para clínica veterinária um periquito australiano, macho, aproximadamente três meses de idade, adquirido em uma loja agropecuária apresentando fratura nos membros pélvicos, que utilizava a ranfoteca para se locomover. O exame radiográfico revelou fratura completa e oblíqua em diáfise média do tibiotarso direito e fêmur esquerdo. As fraturas estavam associadas ao aumento de tecidos moles adjacentes com importante desvio do eixo ósseo anatômico. Ainda na radiografia, foi notado diminuição da densidade óssea dos membros pélvicos. Para intervenção da fratura em tibiotarso direito foi feito tala de fixação, já o membro esquerdo não foi imobilizado a princípio e o animal foi liberado para tratamento domiciliar. Após seis dias a ave foi a óbito e posteriormente encaminhada para necropsia, onde observou-se ranfoteca fragilizada e flexível, ossos do crânio fragilizados com aspecto elástico, assim como a articulação carpo-falângica direita. Além disso, também foi visualizado protuberâncias formadas por cartilagem nas junções costocondrais (rosário raquítico) e esterno distorcido. Nos pulmões haviam pequenas manchas esbranquiçadas, na região pericárdica notou-se moderada quantidade de líquido amarelado e translúcido e na luz intestinal havia conteúdo pastoso e vermelho escuro. Relatos sobre raquitismo são mais frequentes em aves de produção do que em aves exóticas, porém esta diferença pode estar relacionada ao subdiagnóstico da enfermidade na clínica de pets não convencionais. Essa doença é causada por deficiência de cálcio e fósforo, ocasionando hiperparatireoidismo secundário e osteopenia, o que explica o histórico de fraturas, a baixa densidade óssea revelada na radiografia e os ossos com aspectos de borracha detectados durante a necropsia. A falha na mineralização e acúmulo de cartilagem nas junções costocondrais (rosário raquítico) e o esterno distorcido também são alterações características da doença (KLASING e KORVER, 2020). Os demais achados macroscópicos como lesões pulmonares, cardíacas e intestinais podem ser decorrentes do estado de saúde e fragilidade do animal, aumentando o risco de enfermidades concomitantes. As informações aqui descritas ressaltam não só a necessidade de maiores esclarecimentos sobre o raquitismo na clínica de aves exóticas, mas também a importância da fiscalização no tocante sanitário e de bem estar de animais comercializados em casas agropecuárias.
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