DETECÇÃO HISTOPATOLÓGICA DE CISTOS DE Sarcocystis spp. EM MUSCULATURA DE UM QUATI (Nasua nasua) – RELATO DE CASO
DOI:
https://doi.org/10.5380/avs.v15i5.76751Palavras-chave:
animais silvestres, hospedeiro intermediário, zoonoseResumo
Sarcocystis spp. são protozoários do filo Apicomplexa que podem infectar diversas espécies, incluindo o homem, e dependendo da espécie do parasito em questão, os seres humanos podem atuar tanto como hospedeiros intermediários quanto definitivos. Quanto aos hospedeiros intermediários, os silvestres também se destacam, como primatas e mamíferos herbívoros, sendo que estes apresentam cistos do protozoário em sua musculatura. Carnívoros e onívoros atuam como hospedeiros definitivos e contaminam-se ingerindo os cistos presentes na musculatura de animais infectados (FAYER; ESPOSITO; DUBEY, 2015). Além disso, a espécie S. neurona possui grande importância na equideocultura, visto que estes animais podem desenvolver uma neuropatia conhecida como mieloencefalite protozoária equina, sendo o Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) o principal hospedeiro definitivo desta espécie e a fonte de infecção para estes animais na América do Sul (ESTEVAM, 2017). O Quati-de-cauda-anelada (Nasua nasua), devido a sua proximidade com os gambás, podem se contaminar ingerindo os oocistos presentes nas fezes dos marsupiais, podendo atuar como hospedeiros intermediários da doença. Diante disso, relata-se um caso de Sarcocystis spp. em Quati-de-cauda-anelada diagnosticado no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina. Um quati, fêmea, foi atendido no Hospital Veterinário da UFPR, Setor Palotina, com histórico de atropelamento e veio a óbito, sendo encaminhado ao LPV para exame necroscópico. Na macroscopia, observou-se áreas multifocais de moderada hemorragia em musculatura de membro pélvico esquerdo possivelmente decorrentes do trauma. Na microscopia, observou-se moderada quantidade de estruturas parasitárias císticas de tamanhos variáveis, com uma cápsula eosinofílica contendo inúmeros esporozoítos, sendo compatíveis com cistos de Sarcocystis spp. Próximo aos cistos parasitários, notou-se moderado aumento da eosinofilia sarcoplasmática e perda das estriações (degeneração). Por se tratar de uma enfermidade que pode acometer os seres humanos, a detecção do agente nos animais silvestres e sinantrópicos pode ser levada em consideração para a implementação de medidas sanitárias e de educação preventivas, visto que este agente pode ser transmitido de maneira indireta pelo consumo de água e alimentos contaminados com oocistos, bem como a ingestão de carnes (principalmente de caça) com a presença de cistos na musculatura. Além disso, a doença possui importância econômica, principalmente na criação de equinos, onde a mesmo pode levar à morte dos animais. Diante disso, pode-se concluir que a histopatologia foi de suma importância para a detecção do protozoário, e a presença do agente pode indicar uma contaminação do ambiente.
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