O estado de coisas inconstitucional e o compromisso significativo enquanto instrumentos do constitucionalismo dialógico no Brasil: virtudes e limites
DOI:
https://doi.org/10.5380/rinc.v8i3.72953Keywords:
estado de coisas inconstitucional, constitucionalismo dialógico, compromisso significativo, separação de poderes, democraciaAbstract
A inquestionável precariedade do sistema penitenciário brasileiro, discutida na ADPF 347/2015, levou o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da medida cautelar, a declarar o estado de coisas inconstitucional, inaugurando-se, assim, um debate de relevo perante a referida Corte, que impõe a discussão, a reflexão e, possivelmente, a revisão de conceitos e teorias já arraigados, como a questão da separação de poderes e da legitimidade democrática do Poder Judiciário, especialmente no tocante à concepção, implementação e monitoramento de políticas públicas, o que refrata, diretamente, na relação da judicial review ante o sistema democrático. Considerando a envergadura do debate e das alternativas propostas para a resolução de problemas estruturais, é que se desenvolveu o presente estudo com o propósito de analisar a viabilidade da prática do constitucionalismo dialógico e a celebração do compromisso significativo, uma vez reconhecido o estado de coisas inconstitucional. Nessa linha, coloca-se a necessidade de construção de um debate aberto entre as instâncias eletivas com a Suprema Corte como forma de se buscar a construção de consensos capazes de superar desafios comuns, com respeito à ordem constitucional. Para tanto, realizou-se pesquisa bibliográfico-documental, revelando-se esta como uma pesquisa pura, qualitativa e exploratória.
References
AMORIM, Carlos. Comando Vermelho: a história do crime organizado. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011.
ARIZA, Libardo José. Los derechos econômicos, sociales y culturales de las personas presas y la intervención de la Corte Constitucional en el sistema penitenciario colombiano. In: MALDONADO, Daniel Bonilla (Ed.). Constitucionalismo del Sur Global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2015. p. 169-204.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em: 25 maio 2019.
BRASIL. Lei 9.882, de 03 de dezembro de 1999. Dispõe sobre o processo e julgamento da argüição de descumprimento de preceito fundamental, nos termos do § 1o do art. 102 da Constituição Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9882.htm. Acesso em: 25 maio 2019.
BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei do Senado, nº 736, de 2015. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/124010. Acesso em: 25 maio 2019.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADPF 347. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4783560. Acesso em: 28 abr. 2018.
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias: Atualização - Junho 2016. Disponível em: https://tinyurl.com/ycg68vox. Acesso em: 28 abr. 2018.
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN. Agência Brasil. Com 726 mil presos, Brasil tem terceira maior população carcerária do mundo. Disponível em: https://tinyurl.com/y89ro2v2. Acesso em: 28 abr. 2018.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: https://paineis.cnj.jus.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=qvw_l%2FPainelCNJ.qvw&host=QVS%40neodimio03&anonymous=true&sheet=shBNMPIIMAPA. Acesso em: 12 set. 2019.
COLÔMBIA. Corte Constitucional de Colômbia. Sentencia T-025/2004. Disponível em: http://www.corteconstitucional.gov.co/relatoria/2004/T-025-04.htm. Acesso em: 08 jun. 2019.
CASTORIADIS, Cornelius. A Instituição Imaginária da Sociedade. Trad. Guy Reynaud. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
CHRISTINO, Marcio Sergio; TOGNOLLI, Claudio. Laços de Sangue: a história secreta do PCC. São Paulo: Matrix, 2017.
CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Estado de Coisas Inconstitucional. Salvador: JusPodivm, 2016.
CHENWI, Lilia; TISSINGTON, Kate. Engaging meaninfully with government on socio-economic rights: A focus on the right to housing. University of the Western Cape: Community Law Centre, March, 2010.
DE GIORGI, Raffaele; VASCONCELOS, Diego de Paiva. Os fatos e as declarações: Reflexões sobre o estado de ilegalidade difusa. Revista Direito & Praxis, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 408-453, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdp/v9n1/2179-8966-rdp-9-1-480.pdf. Acesso em: 03 jun. 2019.
GARGARELLA, Roberto. El nuevo constitucionalismo dialógico frente ao sistema de lós frenos y contrapesos. In: GARGARELLA, Roberto (Comp.r). Por uma justicia dialógica: el Poder Judicial como promotor de la deliberación democrática. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2014. p. 119-158.
HERNÁNDEZ, Clara Inés Vargas. La garantía de la dimensión objetiva de los derechos fundamentales y labor del juez constitucional colombiano en sede de acción de tutela: el llamado “estado de cosas inconstitucional”. Revista del Centro de Estudios Constitucionales, ano 1, n. 1, p. 203-228, 2003. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=82010111. Acesso em: 02 mar. 2019.
ITURRALDE, Manuel. Acceso a la justicia constitucional en Colombia: oportunidades y retos para la transformación social y política. In: MALDONADO, Daniel Bonilla (Ed.). Constitucionalismo del Sur Global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2015. p. 443-493.
PARDO, David Wilson de Abreu. Judiciário e políticas públicas ambientais: uma proposta de atuação baseada no "compromisso significativo". Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v. 72, p. 161-210, out./dez. 2013.
VIEIRA JUNIOR, Ronaldo Jorge Araújo. Separação de poderes, estado de coisas inconstitucional e compromisso significativo: novas balizas à atuação do Supremo Tribunal Federal. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado, 2015. (Texto para discussão nº 186). Disponível em: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td186. Acesso em: 03 jun. 2019.
TUSHNET, Mark. Revisión judicial dialógica. In: GARGARELLA, Roberto (Comp.). Por uma justicia dialógica: el Poder Judicial como promotor de la deliberación democrática. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2014. p. 105-116.
WALDRON, Jeremy. Control de Constitucionalidad y Legitimidad Política. Dikaion, v. 27, n. 1, p. 7-28, 2018.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this Journal agree to the following terms:
- Authors retain copyright and grant the Journal of Constitutional Research the right of first publication with the article simultaneously licensed under the Creative Commons - Attribution 4.0 International which allows sharing the work with recognition of the authors and its initial publication in this Journal.
- Authors are able to take on additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the paper published in this Journal (eg.: publishing in institutional repository or as a book), with a recognition of its initial publication in this Journal.
- Authors are allowed and encouraged to publish their work online (eg.: in institutional repositories or on their personal website) at any point before or during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as increase the impact and the citation of the published work (see the Effect of Open Access).




















