Open Journal Systems

O estado de coisas inconstitucional e o compromisso significativo enquanto instrumentos do constitucionalismo dialógico no Brasil: virtudes e limites

Juliana Maria Borges Mamede, Helio das Chagas Leitão Neto, Francisco Luciano Lima Rodrigues

Resumo


A inquestionável precariedade do sistema penitenciário brasileiro, discutida na ADPF 347/2015, levou o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da medida cautelar, a declarar o estado de coisas inconstitucional, inaugurando-se, assim, um debate de relevo perante a referida Corte, que impõe a discussão, a reflexão e, possivelmente, a revisão de conceitos e teorias já arraigados, como a questão da separação de poderes e da legitimidade democrática do Poder Judiciário, especialmente no tocante à concepção, implementação e monitoramento de políticas públicas, o que refrata, diretamente, na relação da judicial review ante o sistema democrático. Considerando a envergadura do debate e das alternativas propostas para a resolução de problemas estruturais, é que se desenvolveu o presente estudo com o propósito de analisar a viabilidade da prática do constitucionalismo dialógico e a celebração do compromisso significativo, uma vez reconhecido o estado de coisas inconstitucional. Nessa linha, coloca-se a necessidade de construção de um debate aberto entre as instâncias eletivas com a Suprema Corte como forma de se buscar a construção de consensos capazes de superar desafios comuns, com respeito à ordem constitucional. Para tanto, realizou-se pesquisa bibliográfico-documental, revelando-se esta como uma pesquisa pura, qualitativa e exploratória.


Palavras-chave


estado de coisas inconstitucional; constitucionalismo dialógico; compromisso significativo; separação de poderes; democracia

Texto completo:

PDF

Referências


AMORIM, Carlos. Comando Vermelho: a história do crime organizado. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011.

ARIZA, Libardo José. Los derechos econômicos, sociales y culturales de las personas presas y la intervención de la Corte Constitucional en el sistema penitenciario colombiano. In: MALDONADO, Daniel Bonilla (Ed.). Constitucionalismo del Sur Global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2015. p. 169-204.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em: 25 maio 2019.

BRASIL. Lei 9.882, de 03 de dezembro de 1999. Dispõe sobre o processo e julgamento da argüição de descumprimento de preceito fundamental, nos termos do § 1o do art. 102 da Constituição Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9882.htm. Acesso em: 25 maio 2019.

BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei do Senado, nº 736, de 2015. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/124010. Acesso em: 25 maio 2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADPF 347. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4783560. Acesso em: 28 abr. 2018.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias: Atualização - Junho 2016. Disponível em: https://tinyurl.com/ycg68vox. Acesso em: 28 abr. 2018.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN. Agência Brasil. Com 726 mil presos, Brasil tem terceira maior população carcerária do mundo. Disponível em: https://tinyurl.com/y89ro2v2. Acesso em: 28 abr. 2018.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: https://paineis.cnj.jus.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=qvw_l%2FPainelCNJ.qvw&host=QVS%40neodimio03&anonymous=true&sheet=shBNMPIIMAPA. Acesso em: 12 set. 2019.

COLÔMBIA. Corte Constitucional de Colômbia. Sentencia T-025/2004. Disponível em: http://www.corteconstitucional.gov.co/relatoria/2004/T-025-04.htm. Acesso em: 08 jun. 2019.

CASTORIADIS, Cornelius. A Instituição Imaginária da Sociedade. Trad. Guy Reynaud. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

CHRISTINO, Marcio Sergio; TOGNOLLI, Claudio. Laços de Sangue: a história secreta do PCC. São Paulo: Matrix, 2017.

CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Estado de Coisas Inconstitucional. Salvador: JusPodivm, 2016.

CHENWI, Lilia; TISSINGTON, Kate. Engaging meaninfully with government on socio-economic rights: A focus on the right to housing. University of the Western Cape: Community Law Centre, March, 2010.

DE GIORGI, Raffaele; VASCONCELOS, Diego de Paiva. Os fatos e as declarações: Reflexões sobre o estado de ilegalidade difusa. Revista Direito & Praxis, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 408-453, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdp/v9n1/2179-8966-rdp-9-1-480.pdf. Acesso em: 03 jun. 2019.

GARGARELLA, Roberto. El nuevo constitucionalismo dialógico frente ao sistema de lós frenos y contrapesos. In: GARGARELLA, Roberto (Comp.r). Por uma justicia dialógica: el Poder Judicial como promotor de la deliberación democrática. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2014. p. 119-158.

HERNÁNDEZ, Clara Inés Vargas. La garantía de la dimensión objetiva de los derechos fundamentales y labor del juez constitucional colombiano en sede de acción de tutela: el llamado “estado de cosas inconstitucional”. Revista del Centro de Estudios Constitucionales, ano 1, n. 1, p. 203-228, 2003. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=82010111. Acesso em: 02 mar. 2019.

ITURRALDE, Manuel. Acceso a la justicia constitucional en Colombia: oportunidades y retos para la transformación social y política. In: MALDONADO, Daniel Bonilla (Ed.). Constitucionalismo del Sur Global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2015. p. 443-493.

PARDO, David Wilson de Abreu. Judiciário e políticas públicas ambientais: uma proposta de atuação baseada no "compromisso significativo". Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v. 72, p. 161-210, out./dez. 2013.

VIEIRA JUNIOR, Ronaldo Jorge Araújo. Separação de poderes, estado de coisas inconstitucional e compromisso significativo: novas balizas à atuação do Supremo Tribunal Federal. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado, 2015. (Texto para discussão nº 186). Disponível em: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td186. Acesso em: 03 jun. 2019.

TUSHNET, Mark. Revisión judicial dialógica. In: GARGARELLA, Roberto (Comp.). Por uma justicia dialógica: el Poder Judicial como promotor de la deliberación democrática. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2014. p. 105-116.

WALDRON, Jeremy. Control de Constitucionalidad y Legitimidad Política. Dikaion, v. 27, n. 1, p. 7-28, 2018.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rinc.v8i3.72953

Apontamentos

  • Não há apontamentos.