O STF e o ensino religioso em escolas públicas: pluralismo educacional, laicidade estatal e autonomia individual
DOI:
https://doi.org/10.5380/rinc.v4i3.54375Keywords:
Ensino religioso, escolas públicas, pluralismo educacional, laicidade estatal, autonomia individual.Abstract
O presente artigo estuda o problema proposto no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4439, de autoria da Procuradoria Geral da República. Versa a demanda a respeito do polêmico acordo entre o Estado brasileiro e a Santa Sé, que consiste na expressão categórica pela via do Decreto Legislativo que o ensino religioso católico constitui disciplina regular de matrícula facultativa no ensino fundamental das escolas públicas. O parquet argumenta que tal situação vai de encontro ao ditame constitucional da laicidade estatal e aponta descompasso frente a configuração plural do direito à educação constitucionalmente delineada. Após considerações doutrinárias, foi possível concluir que a laicidade aparece como limite à interferência estatal no âmbito da intimidade-autonomia da pessoa, daí a necessidade de um ensino religioso não-confessional. Na ausência de um plano pedagógico que comporte um ensino plural, não há o que falar na possibilidade de oferta da disciplina.
References
ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica: a teoria do discurso racional como teoria da fundamentação jurídica. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
ARGIOLAS, Davide. A liberdade religiosa em itália: vinho novo em odres velhos. Espaço Jurídico Journal Of Law, Chapecó, vol. 15, n. 02, p. 363-386, jul./dez. 2014.
BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional contemporâneo. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
BARROSO, Luís Roberto. O novo direito constitucional brasileiro: contribuições para a construção teórica e prática da jurisdição constitucional no Brasil. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
BENDA, Ernst et. al. (Orgs.). Handbuch des verfassungsrechts der bundesrepublik deutschland. Berlim: Walter de Gruyter & Co., 1994.
BONAVIDES, Paulo. Do estado liberal ao estado social. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 2013.
BURDEAU, Georges. Traité de science politique. 2. ed. t. VIII. Paris: LGDJ, 1977.
CIARLINI, Alvaro Luis de A. S. Direito à saúde: paradigmas procedimentais e substanciais da constituição. São Paulo: Saraiva, 2013.
COUTINHO, Júlia Maia de Menezes; MELO, Silvana Paula Martins de. Universalismo, relativismo ou multiculturalismo? análise acerca da aplicação dos direitos humanos no mundo islâmico sob a perspectiva da banalidade do mal em hannah arendt. In: HOLANDA, Ana Paula Araújo de et. al. (orgs.). Direitos humanos: histórico e contemporaneidade. vol. 2. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015, p. 299-318.
CHEVALLIER, Jacques. L'etat de droit. 5. ed. Paris: Montchrestien, 2010.
FERES JÚNIOR, João; ZONINSEIN, Jonas (Orgs.). Ação afirmativa no ensino superior brasileiro. Belo Horizonte: UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2008.
DINIZ, Geilza Fátima Cavalcante. Direitos humanos e liberdade religiosa. Brasília: Senado Federal, 2014.
FREIRE, Paulo. Pedagogy of freedom: ethics, democracy, and civic courage. Nova York: Rowman & Littlefield, 1998.
FREITAS, Joana Teixeira de Mello. O desacordo moral razoável na sociedade plural do estado democrático de direito. Revista USCS, São Caetano do Sul, ano X, n. 17, p. 39-51, jul./dez. 2009.
GATTI, Bernardette Angelina et. al. (Orgs.) Por uma política nacional de formação de professores. São Paulo: UNESP, 2013.
GOMES, Ana Valeska Amaral; BRITTO, Tatiana Fonseca de. Plano nacional de educação: construção e perspectivas. Brasília: Câmara dos Deputados, 2015.
GUEDES, Maurício Sullivan Balhe. A constituição do plano político ao normativo: base teórica para a construção do neoconstitucionalismo. Revista do Instituto do Direito Brasileiro, Lisboa, ano 03, n. 06, 2014.
GUEDES, Maurício Sullivan Balhe; LOURENÇO, Cristina Sílvia Alves. A dignidade da pessoa humana em processos criminais no stf: valor intrínseco, autonomia e valor comunitário. In: CONPEDI (Org.). Direito Penal, Processo Penal e Constituição I. Florianópolis: CONPEDI, 2014, v. 1, p. 80-101.
GUEDES, Maurício Sullivan Balhe. Direito à igualdade e livre desenvolvimento da personalidade: construindo a democracia de triplo vértice. Revista Direito Público, Porto Alegre, vol. 10, n. 56, p. 210-227, mar./abr. 2014.
GLENSY, Rex D. The right to dignity. Columbia Human Rights Law Review, New York, vol. 43, n. 1, p. 65-142, oct./dec. 2011.
.
HOBSBAWN, Eric J. A era das revoluções: 1789-1848. 35. ed. São Paulo-Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2015.
LIMA, Martonio Mont'alverne Barreto. Comentário ao art. 1º, V. In: CANOTILHO, J. J. Gomes et. al. (Coords.). Comentários à Constituição do brasil. São Paulo: Saraiva, 2013.
MACHADO, Jónatas E. M. Estado constitucional e neutralidade religiosa: entre o teísmo e o (neo)ateísmo. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013.
MALISKA, Marcos Augusto. Comentário ao art. 206, III. In: CANOTILHO, J. J. Gomes et. al. (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013.
MANSO, Ana Isabel Gozález. Tolerancia religiosa y modelo de iglesia en españa en la primera mitad del siglo XIX. Historia Constitucional, Oviedo, n. 15, p. 113-15, 2014.
MCCRUDDEN, Christopher. Human dignity and judicial interpretation of human rights. The European Journal of International Law, Firenze, vol. 19, n. 05, p. 931-944, 2008.
REGO, Antonio Carlos Pojo do. O congresso brasileiro e o regime militar: 1964-1985. Rio de Janeiro: FGV, 2008.
SARLET, Ingo Wolfgang. Comentário ao art. 6º, caput. In: CANOTILHO, J. J. Gomes et. al. (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 533-548.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na constituição federal de 1988. 9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
SILVA, Fabiana Maria Lobo da. Liberdade religiosa e o ensino religioso nas escolas públicas de um estado laico: perspectiva jusfundamental. Revista de informação legislativa, Brasília, ano 52, n. 206, p. 271-298, abr./jun. 2015.
SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
SILVA NETO, Manoel Jorge. Proteção constitucional à liberdade religiosa. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
SOUSA, Eliane Ferreira de. Direito à educação: requisito para o desenvolvimento do país. São Paulo: Saraiva, 2010.
STRECK, Lenio Luiz. Verdade e consenso: constituição, hermenêutica e teorias discursivas. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
VICTOR, Rodrigo Albuquerque de. Judicialização de políticas públicas para a educação infantil. São Paulo: Saraiva, 2011.
VIDAL-ROBERT, Jordi. Long-run effects of the Spanish inquisition. Working Paper Series, Conventry, n. 192, p. 01-59, june 2014.
VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2015.
WALDRON, Jeremy. Is dignity the foundation of human rights? New York University Public Law and Legal Theory Working Papers, New York, p. 1-29, 2013.
WALDRON, Jeremy. Law and desagreement. New York: Oxford University Press, 2004.
ZAGREBELSKY, Gustavo. A crucificação e a democracia. São Paulo: Saraiva, 2011.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this Journal agree to the following terms:
- Authors retain copyright and grant the Journal of Constitutional Research the right of first publication with the article simultaneously licensed under the Creative Commons - Attribution 4.0 International which allows sharing the work with recognition of the authors and its initial publication in this Journal.
- Authors are able to take on additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the paper published in this Journal (eg.: publishing in institutional repository or as a book), with a recognition of its initial publication in this Journal.
- Authors are allowed and encouraged to publish their work online (eg.: in institutional repositories or on their personal website) at any point before or during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as increase the impact and the citation of the published work (see the Effect of Open Access).




















