Poder constituinte e a abordagem feminista: uma análise da Assembleia Constituinte de 1987 no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5380/rinc.v12i3.100542Palavras-chave:
poder constituinte, feminismo, mulheres, participação, BrasilResumo
O poder constituinte é compreendido como o poder de realizar mudanças constitucionais. No constitucionalismo moderno, "o povo" é o legítimo detentor desse poder e pode exercê-lo para redigir uma nova constituição. O estudo das práticas participativas no exercício do poder constituinte é especialmente relevante para os estudos feministas sobre o constitucionalismo, cujo foco está em compreender como as mulheres foram incluídas ou excluídas dos processos de elaboração constitucional. No entanto, focar apenas na participação tem se mostrado insuficiente para garantir a proteção plena das mulheres e de grupos marginalizados. É essencial, portanto, considerar a complexa relação entre os sujeitos constituintes, as práticas e os procedimentos envolvidos nos exercícios do poder constituinte e seu potencial impacto sobre a constituição propriamente dita. Inserido nos estudos sobre o constitucionalismo feminista, este trabalho investiga o papel da representação nos processos de elaboração constitucional no Brasil.
Referências
ARAUJO, Carolina Freitas Gomide de. Charting progress: women’s contributions in the 1988 National Constituent Assembly and the legacy of women’s rights in Brazil. In: INTERNATIONAL WOMEN'S DAY ANNUAL CONFERENCE, 2024, Kingston, Canadá. Feminist Legal Studies, Queen's University, 2024.
ARAUJO, Carolina Freitas Gomide de. Poder constituinte originário das mulheres e seus reflexos no constitucionalismo de 1988. Brasília, 2021. 294 f. Relatório Final (Programa de Iniciação Científica) – Centro Universitário de Brasília – CEUB. Available at: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/pic/article/view/8214. Accessed on: July 19, 2025.
ATREY, Shreya. Feminist constitutionalism: mapping a discourse in contestation. International Journal of Constitutional Law, Oxford, vol. 20, n. 2, p. 611-641, abr./jun. 2022.
BAINES, Beverley; RUBIO-MARÍN, Ruth. Introduction: toward a feminist constitutional agenda. In: BAINES, Beverley; RUBIO-MARÍN, Ruth (Orgs.). The gender of constitutional jurisprudence. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. p. 1-21.
BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. São Paulo: Edipro, 2017.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Sessão de instalação da Assembleia Nacional Constituinte. Brasília, 1º fev. 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano I – Nº 24. Brasília, 10 mar. 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano I – Nº 38. Brasília, 2 abr. 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano I – Nº 54. Brasília, 6 maio 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano I – Nº 70. Brasília, 3 jun. 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano I – Nº 87. Brasília, 2 jul. 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano I – Nº 112. Brasília, 2 ago. 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano I – Nº 127. Brasília, 17 ago. 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano I – Nº 138. Brasília, 3 set. 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano I – Nº 147. Brasília, 5 nov. 1987.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 162. Brasília, 5 jan. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 183. Brasília, 12 fev. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 194. Brasília, 2 mar. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 205. Brasília, 15 mar. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 218. Brasília, 5 abr. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 226. Brasília, 15 abr. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 237. Brasília, 3 mai. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 254. Brasília, 2 jun. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 267. Brasília, 21 jun. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 275. Brasília, 8 jul. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 284. Brasília, 2 ago. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 297. Brasília, 24 ago. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 302. Brasília, 29 ago. 1988.
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte. Diário da Assembleia Nacional Constituinte – Ano II – Nº 306. Brasília, 2 set. 1988.
BRUSCHINI, Cristina. O Trabalho da Mulher Brasileira nas Décadas Recentes. Revista Estudos Feministas, [S. l.], n.e., p. 179-199, 1994.
CENTRO DE ESTUDOS DA METRÓPOLE. Universo e amostra. Disponível em: < https://web.centrodametropole.fflch.usp.br/foruns/index.php/pt/component/content/article/16-conceitos/9-universo-e-amostra > . Acesso em: 17 fev. 2025.
CHUEIRI, Vera Karam de; GODOY, Miguel Gualano de. Constitucionalismo e democracia – soberania e poder constituinte. Revista Direito GV, São Paulo, vol. 6, n. 1, p. 159-174, jan./jun. 2010.
CORBUCCI, Paulo Roberto. Evolução do acesso de jovens à educação superior no Brasil. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2014.
DIXON, Rosalind. Feminism and comparative constitutional studies. Comparative Constitutional Studies, [s.l.], v. 1, n. 2, p. 310–320, 2023.
FRAZER, Nancy. Rethinking the public sphere: a contribution to the critique of actually existing democracy. Social Text, Durham, v. 25/26, p. 56-80, 1990.
FREDMAN, Sandra. Care as a constitutional value. International Journal of Constitutional Law, Oxford, vol. 22, n. 3, p. 741-771, jul./set. 2024.
HIGGINS, Tracy E. Democracy and feminism. Harvard Law Review, Cambridge, vol. 110, p. 1657-1703, 1996-1997. p. 1658.
HOUGHTON, Ruth. Review of: RUBIO-MARÍN, Ruth. Global gender constitutionalism and women’s citizenship: a struggle for transformative inclusion. International Journal of Constitutional Law (I•CON), Oxford, v. 22, n. 2, p. 611-615, abr. 2024.
HOUGHTON, Ruth. Feminist approaches to sovereignty. In: DIAMANTIDIS, Marinos; ROSENFELD, Michel (Orgs.). Research handbook on the law and politics of sovereignty. Cheltenham: Edward Elgar, 2025. Forthcoming.
HOUGHTON, Ruth; O’DONOGHUE, Aoife. ‘Ourworld’: a feminist approach to global constitutionalism. Global Constitutionalism, [s.l.], v. 9, n. 1, p. 38–75, 2020.
HOUGHTON, Ruth; O’DONOGHUE, Aoife. Feminist Approaches to Constituent Power. In: NIESEN, Peter; PATBERG, Markus; RUBINELLI, Lucia (Orgs.). Oxford handbook of constituent power. Oxford: Oxford University Press, 2025. Accepted in: 29 jul. 2025.
IRVING, Helen. Introduction. In: IRVING, Helen (Ed.). Constitutions and gender. Cheltenham: Edward Elgar, 2017. p. 1-15.
LEE, Daniel. Popular sovereignty in early modern constitutional thought. Oxford: Oxford University Press, 2016.
MONTEIRO, Ester. Lobby do batom: marco histórico no combate a discriminações. Senado Notícias, Brasília, mar. 2018.
OTTO, Dianne. Lost in translation: re-scripting the sexed subjects of international human rights law. In: ORFORD, Anne (ed.). International law and its others. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. p. 318–356.
PISCOPO, Jennifer M.; SUÁREZ-CAO, Julieta. New institutions, new actors, new rules: gender parity and feminist constitution writing in Chile. European Journal of Politics and Gender, [s.l.], p. 1–21, 2024.
RUBIO-MARÍN, Ruth. Women and participatory constitutionalism. International Journal of Constitutional Law, Oxford, vol. 18, n. 1, p. 233-259, jan./mai. 2020.
RUBIO-MARÍN, Ruth. Introduction: the when, why, what, and how of the book and how the personal becomes political. In: RUBIO-MARÍN, Ruth (Org.). Global gender constitutionalism and women’s citizenship: a struggle for transformative inclusion. Cambridge: Cambridge University Press, 2022.
SOUZA, Marcius Fabiani Barbosa de. A participação das mulheres na elaboração da Constituição de 1988. In: BRASIL. Senado Federal. Constituição de 1988: o Brasil 20 anos depois. Os alicerces da redemocratização. v. 1. Brasília: Senado Federal, [2008?]. p. 1-13. Available at: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-i-constituicao-de-1988/principios-e-direitos-fundamentais-a-participacao-das-mulheres-na-elaboracao-da-constituicao-de-1988/view. Accessed on: July 19, 2025.
SULLIVAN, Kathleen M. Constitutionalizing women’s equality. California Law Review, Berkeley, vol. 90, n. 3, p. 735-764, mai. 2002.
YOUNG, Iris Marion. Representação política, identidade e minorias. Lua Nova, São Paulo, n. 67, p. 139-190, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Thais Andrade Brugnerotto, Ruth Houghton

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).




















