Distopia como curadoria de ausências e impasses da imaginação utópica em Station Eleven
DOI:
https://doi.org/10.5380/rvx.v17i4.86950Palavras-chave:
Station Eleven, Distopia, Romance, Estudos literáriosResumo
Neste artigo, estudaremos o romance Station Eleven (de Emily St. John Mandel e publicado em 2014) a partir de três veios interpretativos: No primeiro, veremos uma hipostasia da ideia de cultura, nos termos com que Adorno descreve o fenômeno em sua leitura de Admirável Mundo Novo (ADORNO, 1998), de Aldous Huxley. A resultante separação entre “espírito” e “necessidades materiais” desse movimento cria obstáculos para a figuração e uma consequente percepção mais precisa de problemas reais; no segundo, podemos chegar à noção de tempo que rege o período de anomalia introduzido pela distopia. Partindo da constatação de Walter Benjamin, na sua tese XV sobre o conceito de história (BENJAMIN, 1987), de que a explosão do continuum da história é um ato revolucionário inaugural o qual determina a criação de uma nova temporalidade, podemos analisar a periodização instaurada pela distopia em Station Eleven como uma versão alegórica da ruptura temporal descrita por Benjamin na referida tese; Seguindo o terceiro, concentramo-nos na figura do Museu da Civilização e na noção de distopia como curadoria de ausências. Um impulso de preservação e recuperação do mundo pré-colapso perpassa todo o enredo. Os diferentes caminhos que surgem no romance dão na mesma encruzilhada: a presença espectral do mundo colapsado como obstáculo para a criação de um novo. Veremos, ao longo do artigo, várias faces desse impasse na narrativa. Como diagnóstico da crise da imaginação histórica de que sofre o nosso tempo, o livro é certeiro. Seus impasses figuram dilemas que estão na base das narrativas de imaginação utópica/distópica.
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