A utopia de El país de las mujeres a partir do risco da essência e do ginocentrismo: uma estratégia política

Resumen

El país de las mujeres, da autora nicaraguense Gioconda Belli, constrói uma representação utópica de uma sociedade alicerçada na Ginocracia, provocando uma espécie de autocrítica das bases humanistas, pois estas últimas consideraram a relação entre sexo e o gênero feminino como negativas, presentes em Beauvoir (1967) quando afirmou a palavra mulher ligada ao estado da educação e dos costumes e negou o potencial biológico feminino dos processos reprodutivos como positivos para a própria emancipação da mulher. Na obra, há o desejo de que homens e mulheres reconheçam os valores da feminilidade tradicional, historicamente tidos como os biológicos (maternidade e maternagem, o cuidado e o contato), sejam transcendidos do espaço doméstico para o espaço público. A problemática é como o “risco da essência”, discutido por Fuss (2017), pode contribuir para o entendimento de que o espaço público, antes dominado pelos homens, é dominado pelas mulheres em uma Utopia do Felicismo, de base ginocentrista. O objetivo geral é refletir sobre a utopia no desejo latente de se (re)pensar e questionar os efeitos do patriarcado na América Latina. A pesquisa é de caráter bibliográfico e crítico-literário-feminista com base em Fuss (2017); Bloch (2005); Freire (1997); Cavalcanti (2017); Vergès (2020), entre outros.