PAISAGENS E LUGARES – CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL E CULTURAL DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DO COMPLEXO TRÊS FRONTEIRAS, ALTO VALE DO RIO ARAÇUAÍ, MINAS GERAIS.

Autores

  • Marcelo Fagundes Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem (LAEP/CEGEO/ICT) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
  • Matheus Kuchenbecker Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
  • Alessandra Mendes Carvalho Vasconcelos Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
  • Anne Priscila Dias Gonzaga Curso de Geografia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

DOI:

https://doi.org/10.5380/raega.v47i1.59489

Palavras-chave:

Arqueologia– Serra do Espinhaço Meridional – Arte Rupestre – Holoceno Médio

Resumo

Este artigo tem como objetivo principal apresentar uma síntese das atividades de pesquisa desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar acerca das ocupações humanas antes do contato na face leste da Serra do Espinhaço Meridional, mais precisamente no Alto Vale do Rio Araçuaí. Como norte teórico-metodológico tem-se utilizada o conceito de paisagem, compreendido a partir das interações entre Humanos e seus ambientes, bem como da própria dinâmica social, envolvendo questões de ordem econômica, simbólica, política, moral-ideológica, religiosa, etc. A área apresentada é do denominado Complexo Arqueológico Três Fronteiras, constituído por 16 sítios arqueológicos em abrigos sob rocha (quartzítica), com presença marcante de grafismos rupestres e de um indústria lítica majoritariamente em quartzo. O único sítio escavado, Três Fronteiras 07, obteve datação de 4100 ± 30 anos AP. situando sua ocupação durante o Holoceno Médio, resultado comum para outros abrigos regionais. Utilizando diferentes metodologias, com investigações que seguem da caracterização geológica ou uso de drones para mapeamento da área, tem-se buscado compreender a dinâmica destas ocupações e, sobretudo, o uso do lugar em longa duração, identificando as principais características e buscando entender o modo de vida e a dinâmica cultural das populações que ocuparam Três Fronteiras antes do contato com os europeus. Partiu-se, assim, do pressuposto que se trata de um lugar, um grande sítio arqueológico que, dada às características geoambientais e das interações culturais, foi ocupado em longa duração sendo um ponto-chave para a compreensão das ocupações humanas no Espinhaço.

Biografia do Autor

Marcelo Fagundes, Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem (LAEP/CEGEO/ICT) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Doutor em Arqueologia pelo MAE/USP. Docente do curso de Geografia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Bolsista Produtividade CNPq.

Matheus Kuchenbecker, Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

Doutor em Geologia Regional pela UFMG. Docente do curso de Engenharia Geológica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Bolsista Produtividade CNPq.

Alessandra Mendes Carvalho Vasconcelos, Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

Doutora em Geografia e Análise Ambiental pela UFMG. Docente do curso de Engenharia Geológica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

Anne Priscila Dias Gonzaga, Curso de Geografia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Doutora em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília. Docente do curso de Geografia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

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Publicado

2020-04-29

Como Citar

Fagundes, M., Kuchenbecker, M., Vasconcelos, A. M. C., & Gonzaga, A. P. D. (2020). PAISAGENS E LUGARES – CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL E CULTURAL DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DO COMPLEXO TRÊS FRONTEIRAS, ALTO VALE DO RIO ARAÇUAÍ, MINAS GERAIS. RAEGA - O Espaço Geográfico Em Análise, 47(1), 67–84. https://doi.org/10.5380/raega.v47i1.59489

Edição

Seção

Artigos