IDENTIDADE, TERCEIRO EXCLUÍDO E NÃO CONTRADIÇÃO: NOTAS SOBRE ALGUNS PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DO ENSINO DE LÓGICA
Resumo
Tendo em vista os inúmeros sistemas lógicos criados como complementos
ou como alternativas à lógica clássica, a partir da segunda
metade do século XIX não podemos mais falar de lógica no singular.
A despeito dessa multiplicidade de lógicas, o ensino da disciplina ou
de temáticas afi ns no nível básico e de graduação ainda prioriza ou se
restringe ao cálculo bivalente proposicional e de predicados de primeira
ordem. O problema diagnosticado e que dá mote ao presente texto é a
frequente ausência, no ensino supramencionado, de discussões sobre
os pressupostos fi losófi cos das lógicas: se o ensino de determinado sistema
lógico está vinculado à aceitação prévia de certas pressuposições filosóficas, por que priorizamos a apresentação da linguagem e dos métodos formais em detrimento das reflexões filosóficas que os amparam?
O objetivo das notas que constituem este artigo – em consonância
com o movimento de pensar fi losofi camente o ensino da filosofi a (e das
temáticas que a constituem) – é fornecer um exemplo de questionamento
possível no ensino de lógica a partir da apresentação de alguns
pressupostos da lei de identidade e dos princípios do terceiro excluído
e da não contradição. Examina-se de modo breve e não-formal a concepção
mais ampla de lógicas que derrogam os referidos princípios,
debruçando-se especifi camente sobre as lógicas não-refl exiva, intuicionista
e paraconsistente. Procura-se sinalizar para problematizações
fi losófi cas associadas a concepções metafísicas ou epistemológicas, as
quais em geral permanecem sem ser explicitadas no ensino da lógica
clássica – difundindo a ideia errônea de que a lógica independe ou se
sobrepõe ao exame filosófico.
Palavras-chave
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.5380/nesef.v9i1.75236