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Discurso paulista de modernidade e o museu: Yolanda Penteado, dos salões de arte aos museus regionais do nordeste (1903-1968)

Adel Igor Romanov Pausini

Resumo


Na Paris do século XIX, era hábito comum entre os aristocratas a promoção de encontros entre pessoas de alta condição social com grupos da intelectualidade para concertos, espetáculos, bailes, tertúlias e demais eventos de salão em ambiente residencial. No Brasil, os salões ganham força no segundo reinado, sobretudo na capital do Império, estendendo o seu prestígio à florescente São Paulo do café no final do século XIX, tornando-se uma autêntica instituição da Belle Époque, tendo como os mais prestigiados os salões de Veridiana da Silva Prado, José de Freitas Valle, Paulo Prado e Olívia Guedes Penteado. Nestes espaços, a aristocracia paulista consolidava o capital social utilizado, o mecenato e a ação pública e privada para a promoção dos próprios interesses, projetos e perspectivas do país. Na década de 1930, os salões perdem força em detrimento da organização de sociedades e grupos de artistas, o que produz, em alguns casos, relativa independência em relação ao mecenato público e privado, permitindo o avanço de experiências de tendências anarquistas e comunistas, rapidamente revertidas enquanto plano hipotético na década de 1940 com a abertura dos grandes museus e eventos de arte em São Paulo, a internacionalização da arte e o financiamento norte-americano, em contexto de Guerra Fria. O êxito do projeto paulista, capitalista, urbano-industrial de museus é levado pela velha aristocracia, ressignificada e financiada pelo capital industrial emergente para outras regiões do país em pleno contexto nacional do regime militar de desenvolver e integrar. Por meio do mecenato exercido de distintos modos, a aristocracia paulista defendeu e implementou, em alguma medida, o seu projeto de modernização conservadora no século XIX e XX, defendendo os seus interesses por meio dos salões e dos museus de arte.


Palavras-chave


Modernidade, Salões, Museu, Mecenato, Aristocracia paulista.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/nep.v4i1.59957

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