AS MUDANÇAS DA BNCC DO ENSINO MÉDIO NO CURRÍCULO DA GEOGRAFIA: UM OLHAR SOBRE O ESTADO DO PARANÁ

Resumo

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) se apresenta como um documento de caráter normativo que define um conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da Educação Básica (BRASIL,2018). Porém, a BNCC não é um documento que atua de forma isolada. Para que seja posta em prática, é necessário que os estados construam os seus próprios referenciais curriculares, sendo estes pensados e elaborados a partir das diretrizes do documento. Contudo, ao longo do processo de construção, muitos acontecimentos ocorreram que definiram as características da referida base curricular. Alguns exemplos destes episódios são: a destituição da equipe de Geografia da segunda para a terceira versão, sem que ao menos a primeira equipe tivesse sido procurada para dar seguimento ao trabalho que vinha sendo feito; um conjunto de manifestações contrárias ao documento da BNCC, em especial na última versão, sendo feito por professores e estudantes que criticavam a forma antidemocrática que ocorreu a elaboração da Base Nacional Comum Curricular; e a volta da utilização de competências e habilidades como práticas metodológicas, metodologia essa já amplamente criticada por pesquisadores da área desde a década de 1990. No entanto, mesmo em meio a essas manifestações, a BNCC foi estabelecida e, a partir de 2018, se inicia o processo de adequação dos currículos escolares às novas normas. Assim, a presente pesquisa teve como objetivo analisar as implicações da BNCC no currículo da Geografia do Ensino Médio do estado do Paraná. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa documental e bibliográfica de natureza qualitativa. Para isso, utilizam-se como principais fontes de pesquisa documentos e dispositivos normativos oficiais bem como pesquisas científicas da área. Buscou-se analisar o conteúdo e os pressupostos subjacentes desses documentos, tendo como horizonte as implicações para o campo da Geografia. Como resultado destes processos, constatou-se que ocorre a consolidação de uma Geografia de caráter acrítico, tecnicista e com temáticas que são abordadas sem o devido aprofundamento, típica dos currículos por competências, de viés mercadológico; além disto, também constatou-se a perda da identidade da Geografia, gerando um processo de descaracterização da disciplina, pois a forma como ela está apresentada e o contexto em que está inserida contribuem para a formação de uma disciplina que não dialoga de forma produtiva com sua epistemologia e que dilui os saberes geográficos na grande área das ciências humanas e sociais aplicadas.