“É BEM LIMITADA A VISÃO DE FUTURO QUE ELES TÊM...” POLÍTICAS CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INTEGRAL NO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO DA PARAÍBA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/jpe.v19i1.96871

Palavras-chave:

Políticas Educacionais, Educação Cidadã Integral, Socioeducação

Resumo

O presente artigo discute o sistema socieducativo a partir do Programa Escola Cidadã Integral instituído na Paraíba. O objetivo consistiu em analisar a política curricular da educação integral atuada (Ball, Maguine; Braun, 2016) em uma instituição socioeducativa feminina em João Pessoa/PB. Vamos explorar as maneiras pelas quais diferentes tipos de políticas são interpretadas, traduzidas e/ou reconstruídas, a partir das redes formadas cotidianamente na instituição investigada. Para condução da pesquisa, utilizamos o enfoque qualitativo de cunho exploratório, as conversas como caminho metodológico (Ribeiro, Souza e Sampaio, 2018) e a análise documental. O referencial epistemetodológico adotado partiu da abordagem do ciclo de políticas de Stephen Ball e colaboradores (Bowe; Ball; Gold, 1992; Ball, 1994), com ênfase no contexto da prática, incorporando as dimensões contextuais da Teoria de Atuação de Ball, Maguire e Braun (2016) para análise dos achados. Através de conversas com os atores (docentes, gestora, coordenadora e supervisora) da instituição e de suas partilhas de experiências/vivências, conhecimento e informações, podemos visibilizar suas criações curriculares e os modos de existir que divergem da política educacional proposta. Por isso, falar sobre cotidiano escolar e currículo implica acompanhar movimentos que vão transformando a cultura da escola, fortalecendo a criação coletiva e individual, ou seja, questionar os ‘possíveis’ do coletivo inseridos naquele território e, com isso, possibilitar reflexões sobre a constituição das dimensões contextuais da atuação da política: contextos situados, culturas profissionais, contextos materiais e contextos externos. Após o término da pesquisa, é possível observarmos que as redes de conversações estabelecidas no cotidiano escolar potencializam as problematizações coletivas, pois incidem nos múltiplos contextos cotidianos. Destacamos que existe restrição à atuação dos docentes devido à infraestrutura, à gestão da política na rede estadual, ao sistema a que os(as) docentes, adolescentes e jovens são submetidos e à própria cultura organizacional da escola. Porém, evidenciamos que a política curricular atuada pelos sujeitos que estão na escola transborda, rompe, escancara, afronta as desigualdades vivenciadas cotidianamente que ousam existir em situações tão adversas.

Biografia do Autor

Ana Cláudia Silva Rodrigues, Universidade Federal da Paraíba

Doutora em Educação. Professora na Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, PB. Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6621-1861. E-mail: ana.rodrigues@academico.ufpb.br

Adriege Matias Rodrigues, Universidade Federal da Paraíba

Mestra em Educação. Doutoranda em Educação na Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, PB. Brasil. Orcid:  https://orcid.org/0000-0002-1617-5580. E-mail: adriegerodrigues@gmail.com

Abigail Sales da Costa Rocha, Prefeitura Municipal de Pilar

Graduada em  Pedagogia.  Pedagoga na Prefeitura Municipal de Pilar. Pilar. PB. Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-8191-3618. E-mail: abigailrocha15@gmail.com.

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Publicado

2025-02-24

Como Citar

Rodrigues, A. C. S., Rodrigues, A. M., & Rocha, A. S. da C. (2025). “É BEM LIMITADA A VISÃO DE FUTURO QUE ELES TÊM.” POLÍTICAS CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INTEGRAL NO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO DA PARAÍBA. Jornal De Políticas Educacionais, 19(1). https://doi.org/10.5380/jpe.v19i1.96871

Edição

Seção

Dossiê: Políticas educacionais para adolescentes em cumprimento de Medidas socioeducativas