COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO E TERCEIRIZAÇÃO DA AJUDA BILATERAL: UMA ANÁLISE DA FUNDAÇÃO FÉ E COOPERAÇÃO
Resumo
O artigo procura analisar e refletir sobre a terceirização para um ator não-estatal da cooperação bilateral de Portugal na Guiné-Bissau no período de 2012 a 2019, enquanto um caso elucidativo da problemática da atuação de atores não-estatais no setor da educação nos países do Sul Global. A organização analisada foi a Fundação Fé e Cooperação (FEC) tendo em consideração que desde 2012 devido aos conflitos e à instabilidade política no país esta organização deu continuidade ao programa bilateral de Portugal no setor da educação (Santos & Silva, 2017). Recorrendo a um corpus documental e a entrevistas semiestruturadas que emanam de uma pesquisa de doutoramento em andamento, a reflexão permite inferir que a FEC atua na dimensão que Adrião (2018) definiu por privatização do currículo, aqui se trata da privatização dos processos pedagógicos strictu sensu, envolvendo as relações entre professor/a, estudante e conhecimento e insumos curriculares. A análise permitiu, ainda, constatar que esta terceirização da cooperação bilateral tem contornos similares ao que aconteceu no período colonial, uma vez que a FEC é uma entidade sem fins lucrativos, conectada com a Igreja Católica Portuguesa.
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