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ASPECTOS POLÍTICOS DA TEORIA DE FLÁVIO VILLAÇA: O PROGRESSISMO URBANÍSTICO EM TEMPOS DE ABERTURA DEMOCRÁTICA

Júlio de Campos Andrade Lamparelli

Resumo


Ainda que de modo nem sempre imediato, as reflexões de Flávio Villaça sobre as cidades brasileiras guardam certa relação com o ambiente político de seu tempo – sobretudo o tempo histórico que se inicia a partir da abertura democrática.  Levando em conta os aspectos teóricos de sua obra, como fossem subjacentes aos escritos mais políticos sobre o Planejamento Urbano no Brasil, pode-se dizer que as reflexões do autor se orientam, como um todo, para o seguinte lema: distribuir de modo menos desigual as mercadorias-localização.  A teoria soma-se, então, àquilo que estamos chamando de “progressismo urbanístico”: o campo de forças que se abriu no planejamento urbano brasileiro, em especial nas prefeituras de esquerda daquele fim de século, com destaque para a experiência paulista de 1989-92. Tais experiências podem ser aqui entendidas como uma tentativa de politizar os instrumentos de mercado, combinando, grosso modo, a seguinte estrutura: a criação de fundos públicos angariados mediante captura de recursos imobiliários, destinados de modo geral à democratização do mercado habitacional. A formação de um complexo “teoria e prática” revela, por sua vez, que pensamento e política corriam sob os mesmos trilhos: combater a injustiça social por meio dos mecanismos de mercado. Em se tratando de uma teoria marxista – a de Villaça, no caso – não é de se surpreender que os impasses que a prática encontrará ao longo da Nova República estivessem, via de regra, antecipados por paradoxos teóricos no interior da obra do autor.

 


Palavras-chave


Planejamento Urbano; Plano Diretor; Nova República; Setor Imobiliário

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AUTORIZAÇÃO ARTIGO


DOI: http://dx.doi.org/10.5380/geografar.v16i2.78235