NATUREZA E TÉCNICA NA RAIA SC-RS: CYBORGS HIDRELÉTRICOS E RESSIGNIFICAÇÃO DE PAISAGENS

Autores

  • Eliezer Bosa Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Reginaldo José De Souza Universidade Federal da Fronteira Sul

DOI:

https://doi.org/10.5380/geografar.v16i1.62075

Palavras-chave:

Energia. Eletricidade. Economia. Ecologia.

Resumo

A natureza é contextualizada no campo das intencionalidades, artificializada e produzida. Esta nova natureza não só é resultado de milhões de anos de evolução e intemperismos, ela recebe também uma forte carga de técnica, mudando sua essência, fundindo-se com as realizações humanas. Desta fusão entre sociedade/natureza, materializa-se no espaço o retrato da nossa sociedade. A materialização desta nova natureza deixa marcas visíveis na paisagem: objetos híbridos de socionatureza. Talvez, os contextos paisagísticos de áreas com empreendimentos hidrelétricos sejam boas representações desta nova natureza. Estas obras causam impactos de ordem social, psicológica e ecológica, mudando paisagens e as percepções de indivíduos. Assim, este trabalho teve como objetivo central compreender os desdobramentos do conceito de natureza no mundo contemporâneo, considerando a ubiquidade do fenômeno técnico e a criação de novos agentes da produção espacial: os agentes cyborgs. No âmbito desta nova categoria de agentes da produção do espaço geográfico, organizou-se a reflexão com enfoque no exemplo dos empreendimentos hidrelétricos localizados na Raia Santa Catarina-Rio Grande do Sul, especificamente as Usinas Barra Grande e Itá. Partiu-se do pressuposto de que a metáfora do cyborg pretende ser um símbolo da superação das fraquezas humanas e do caos da natureza, algo “pós-social” e “pós-natural”. Porém, as grandes obras de engenharia também estão sujeitas às imprevisibilidades de toda ordem.  Com isto, chegou-se a três considerações importantes para colaborar com a análise geográfica das questões ambientais: i) a economia capitalista é responsável pela disseminação de um paradigma de “natureza-criatura”, em detrimento de um paradigma de “natureza-criação”; ii) nos dias atuais, isto refina tanto o fenômeno técnico, que faz com que a ideia de controle da natureza seja encarada como uma verdade e não uma ilusão;  iii) a sociedade está despreparada para arcar com as consequências de que seus grandes cyborgs são, assim como ela, disfuncionais.

Biografia do Autor

Eliezer Bosa, Universidade Federal da Fronteira Sul

Graduando em Geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul.

Reginaldo José De Souza, Universidade Federal da Fronteira Sul

Professor no curso de Licenciatura em Geografia, UFFS, campus Erechim.

Publicado

07/30/2021

Como Citar

Bosa, E., & De Souza, R. J. (2021). NATUREZA E TÉCNICA NA RAIA SC-RS: CYBORGS HIDRELÉTRICOS E RESSIGNIFICAÇÃO DE PAISAGENS. REVISTA GEOGRAFAR, 16(1), 27–47. https://doi.org/10.5380/geografar.v16i1.62075

Edição

Seção

Artigos