NATUREZA E TÉCNICA NA RAIA SC-RS: CYBORGS HIDRELÉTRICOS E RESSIGNIFICAÇÃO DE PAISAGENS
DOI:
https://doi.org/10.5380/geografar.v16i1.62075Palavras-chave:
Energia. Eletricidade. Economia. Ecologia.Resumo
A natureza é contextualizada no campo das intencionalidades, artificializada e produzida. Esta nova natureza não só é resultado de milhões de anos de evolução e intemperismos, ela recebe também uma forte carga de técnica, mudando sua essência, fundindo-se com as realizações humanas. Desta fusão entre sociedade/natureza, materializa-se no espaço o retrato da nossa sociedade. A materialização desta nova natureza deixa marcas visíveis na paisagem: objetos híbridos de socionatureza. Talvez, os contextos paisagísticos de áreas com empreendimentos hidrelétricos sejam boas representações desta nova natureza. Estas obras causam impactos de ordem social, psicológica e ecológica, mudando paisagens e as percepções de indivíduos. Assim, este trabalho teve como objetivo central compreender os desdobramentos do conceito de natureza no mundo contemporâneo, considerando a ubiquidade do fenômeno técnico e a criação de novos agentes da produção espacial: os agentes cyborgs. No âmbito desta nova categoria de agentes da produção do espaço geográfico, organizou-se a reflexão com enfoque no exemplo dos empreendimentos hidrelétricos localizados na Raia Santa Catarina-Rio Grande do Sul, especificamente as Usinas Barra Grande e Itá. Partiu-se do pressuposto de que a metáfora do cyborg pretende ser um símbolo da superação das fraquezas humanas e do caos da natureza, algo “pós-social” e “pós-natural”. Porém, as grandes obras de engenharia também estão sujeitas às imprevisibilidades de toda ordem. Com isto, chegou-se a três considerações importantes para colaborar com a análise geográfica das questões ambientais: i) a economia capitalista é responsável pela disseminação de um paradigma de “natureza-criatura”, em detrimento de um paradigma de “natureza-criação”; ii) nos dias atuais, isto refina tanto o fenômeno técnico, que faz com que a ideia de controle da natureza seja encarada como uma verdade e não uma ilusão; iii) a sociedade está despreparada para arcar com as consequências de que seus grandes cyborgs são, assim como ela, disfuncionais.
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