A persistência da desigualdade de acesso à saúde em quilombos no interior do Maranhão
Desafios e reflexões a partir de uma experiência local
DOI:
https://doi.org/10.5380/ef.v1i37.99058Palavras-chave:
Saúde Pública, Quilombolas, Equidade em Saúde, Atenção Primária, Barreiras de Acesso aos Cuidados de SaúdeResumo
Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, realizado no projeto de extensão "Saúde na Porta Quilombola”, no município de Pinheiro-MA, entre março de 2024 e março de 2025. O projeto integra as atividades de ensino, pesquisa e extensão do curso de medicina de uma universidade no Maranhão, e visa analisar as dificuldades enfrentadas pelas comunidades quilombolas no acesso aos serviços de saúde. A metodologia adotada utilizou a Problematização e a Aprendizagem Baseada em Problemas, com o Arco de Maguerez. Foram realizadas visitas in loco, entrevistas com moradores, lideranças comunitárias e profissionais de saúde, além de capacitações com Agentes Comunitários de Saúde e ações de educação em saúde, como a distribuição de panfletos. Os resultados apontaram barreiras estruturais, como a distância das unidades de saúde, a falta de infraestrutura adequada e a escassez de profissionais qualificados. Identificou-se também uma população culturalmente sensível, com desconfiança na assistência, o que dificulta a adesão aos tratamentos. A capacitação dos ACS e a promoção de ações intersetoriais surgiram como estratégias essenciais para reduzir essas desigualdades. Conclui-se que a equidade no acesso à saúde das comunidades quilombolas depende de investimentos em pesquisa, capacitação profissional e efetiva implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, garantindo que as diretrizes do SUS sejam cumpridas de forma eficaz e culturalmente adequada.
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