Grupo de automaquiagem para pessoas com deficiência visual: repercussões de uma ação extensionista da Terapia Ocupacional
Resumo
A deficiência visual, em interação com barreiras ambientais, pode repercutir na realização de atividades diárias, sendo necessárias intervenções envolvendo treino, utilização de recursos de tecnologia assistiva e modificações instrucionais ou da tarefa. A maquiagem foi identificada como demanda de intervenção com pessoas com deficiência visual. O objetivo deste relato consistiu em identificar as repercussões práticas de ação extensionista referente a intervenção terapêutica ocupacional no desempenho da atividade de automaquiar-se em um grupo de adolescentes e mulheres com deficiência visual. De abordagem qualitativa, exploratória-descritiva, do tipo pesquisa-ação, o projeto foi realizado com a implementação do Curso Básico de Automaquiagem para Pessoas com Deficiência Visual – Maquiagem Diurna. Foram aplicadas duas entrevistas semiestruturadas, antes e após o curso, para coletar dados sobre a experiência das participantes, sendo analisados por meio de análise de conteúdo. O formato do curso, a metodologia e as técnicas utilizadas repercutiram positivamente na automaquiagem, facilitando a realização das etapas, ampliando o repertório e minimizando a quantidade e o tipo de auxílio necessário. Observou-se escassez de estudos sobre o assunto; a necessidade de abordar o papel da maquiagem e sua importância no cotidiano dessas mulheres; e a relação dessa atividade com a autoimagem, a autoconfiança e a autoestima. Evidenciou-se a potência transformadora da ação extensionista relatada permitindo: a correlação teórico prática; a aproximação e a atuação de discentes e docentes em demandas advindas da comunidade e do campo de atuação; e proporcionando experiências e aprendizados que, tanto discentes quanto a coordenadora do projeto, não teriam em outros formatos de ações.
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PDFReferências
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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/ef.v0i27.83886