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ÉTICA E MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA: UM ESTUDO SOBRE A CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA NO JORNAL GAZETA DO POVO

Paulo Vinícius B. da Silva

Resumo


A pesquisa tratou do conceito de infância difundido pelo jornal paranaense Gazeta do Povo e da “qualidade
ética” das reportagens analisadas. Foram catalogadas as peças jornalísticas publicadas no mês de novembro
de 2000 que grafavam a palavra infância ou similares no título ou nos três primeiros parágrafos, ou ainda as
que não se enquadravam neste critério, mas foram consideradas como tratando diretamente da infância. Sob
estes critérios, foram analisadas 119 peças. A metodologia de análise foi a proposta por Thompson, constando
de três níveis: descrição do contexto de produção, análise de conteúdo, e interpretação e reinterpretação.
As questões éticas formuladas por Sánchez Vidal foram utilizadas para interpretação das pautas éticas das
mensagens publicadas sobre infância. Sobre a liberdade, o contexto de produção revela uma influência
acentuada do poder público local na produção do jornal, e da análise das mensagens não se pode perceber
o aumento do grau de liberdade das pessoas, pelo contrário, dão mostra de serem restritivas. A análise
da intencionalidade revela que os benefícios econômicos são colocados em primeiro plano, tanto pela
prioridade à publicidade, quanto pela exploração massiva de peças com propostas sensacionalistas. Intenções
latentes ficaram explícitas pela presença de formas de operação da ideologia nas peças. Os destinatários
foram tratados de forma homogeneizada, com referências praticamente ausentes a questões de raça,
gênero e idade, e sem fomentar a participação. Os valores promovidos pela comunicação foram
muito mais instrumentos de passividade e dependência que de bem-estar. A postura sociopolítica dos
comunicadores, além de não apresentar a neutralidade, foi alinhada com o pólo de poder, e não com seu
oposto. Sobre a metodologia utilizada, as formas de persuasão e difusão ideológica estiveram presentes
nos textos. A respeito da consciência moral dos comunicadores, pode-se afirmar que o código de ética
dos jornalistas não foi seguido. Os dados levantados permitem somente uma aproximação às pautas éticas
dos produtores das peças, e à sua responsabilidade. A este propósito, a concepção da linguagem como
produtora de fatos sociais parece não ser objeto de reflexão.

Palavras-chave


infancia; medios de comunicación de masa; ética; childhood; mass communication media; ethics; infância; meios de comunicação de massa

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/ef.v0i1.11758